Se acrescenta sal à comida já na mesa pode estar a perder anos de vida
Um novo estudo, levado a cabo ao longo de uma década e que envolveu mais de 500 mil participantes no Reino Unido, avisa: evitar mais uma pitada de sal às refeições é essencial para salvaguardar mais de dois anos de vida.
Juntar (ainda mais) sal a refeições já cozinhadas está directamente relacionado com uma diminuição do tempo de vida. A conclusão é de um estudo que durante mais de uma década acompanhou 500 mil participantes no Reino Unido.
Os investigadores do estudo baseado no UK Biobank, um observatório para investigação de interesse público na área da Medicina, concluíram que adicionar mais uma pitada de sal à comida que chega à mesa — e sem contar com o sal usado para a temperar durante a preparação — se relaciona com uma redução de mais de dois anos da esperança de vida para os homens e um ano e meio de vida para as mulheres.
Não é novidade que o consumo de sal está associado a um estilo de vida menos saudável, mas os investigadores consideram o impacto de temperar a comida com mais sal de tal forma significativo que faz sentido repensar os nossos hábitos, em particular nas sociedades ocidentais.
“Do que sei, o nosso estudo é o primeiro a considerar a relação entre o adicionar de sal às refeições e uma morte prematura”, afirmou, citado pelo The Guardian, Lu Qi, autor do estudo e professor da Escola de Saúde Pública e Medicina Tropical da Universidade de Tulane, na cidade norte-americana de Nova Orleães. “É provável que até uma redução residual no consumo de sódio, adicionando menos ou nenhum sal à comida na mesa, traga benefícios substanciais para a saúde.”
As considerações são fruto da análise dos dados de mais de 500 mil participantes no Reino Unido, acompanhados, em média, durante nove anos. Para conhecer os hábitos de consumo de cada um, todos os participantes, que entraram neste estudo entre 2006 e 2010, responderam a um questionário sobre quanto sal adicionavam à comida e com que regularidade.
Em comparação aos que indicaram nunca ou raramente adicionar sal à comida, tornou-se claro que os que o faziam regularmente tinham maior risco de morrer de forma prematura — era 28% mais provável que perdessem anos de vida devido a este hábito.
A redução da esperança de vida varia ainda consoante o sexo, segundo os investigadores da área da saúde pública. Aos 50 anos, os homens que habitualmente juntavam sal à comida já tinham perdido cerca de dois anos e quatro meses de esperança de vida, enquanto as mulheres perdem um ano e meio.
Na análise destes dados, os autores tiveram também em consideração variáveis como o índice de massa corporal dos participantes, o consumo de álcool e tabaco, a actividade física, dieta e problemas de saúde como diabetes ou cancro.
Para pessoas saudáveis, com uma dieta rica e que consumam sal com moderação, o receio com uma redução do tempo de vida causada por este ingrediente não é tão necessário. Já para os que acumulam factores de risco para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares, a preocupação deve ser acrescida. Não devem, por isso, acrescentar sal a refeições já cozinhadas, e devem evitar os alimentos processados e ultraprocessados.
Ainda assim, continua a ser difícil medir o consumo de sal da população, sublinham os autores deste estudo agora apresentado, já que a maior parte do sal consumido está em comidas pré-preparadas e processadas, como enlatados ou salgados. Apenas 8% a 20% do sal ingerido pelas populações ocidentais é adicionado à mesa a refeições cozinhadas em casa. Mesmo assim, evitar este hábito pode fazer a diferença.