O “mais provável” é que a Rússia corte o fornecimento de gás à Europa

Ministro das Finanças francês diz que precisamos de estar preparados. Alemanha teme que o encerramento do Nord Stream I para manutenção na segunda-feira acabe por se tornar permanente.

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A Alemanha teme que a Gazprom feche a torneira do Nord Stream 1 de vez a partir de segunda-feira HANNIBAL HANSCHKE/Reuters

O ministro das Finanças francês está convencido que a Rússia acabará por deixar de fornecer gás à Europa e recomenda que o consumo de energia passe a ser condicionado para minimizar o impacto quando Moscovo fechar a torneira. A primeira-ministra francesa, Elizabeth Borne, já se havia referido a essa possibilidade no sábado como sendo “credível”.

“Penso que a ruptura total de fornecimento de gás vindo da Rússia é uma verdadeira possibilidade”, disse Bruno Le Maire, este domingo, à margem de uma conferência na 22ª edição dos Encontros Económicos de Aix-en-Province, citado pelo Le Monde. “Devemos estar preparados para essa opção”, acrescentou.

Le Maire chegou mesmo a dizer que o corte total do fornecimento de gás russo à Europa é a “opção mais provável” e que os governos europeus devem começar a agir em função dessa premissa e controlar o consumo de energia.

“A melhor maneira de nos prepararmos para esses cortes é estarmos muito atentos ao nosso consumo de energia. Isso vale para a administração pública, vale para as empresas, vale para os particulares”, disse o ministro.

Além da construção de novas infra-estruturas que possam no futuro substituir as que deixarem de ser usadas para trazer o gás russo, Le Maire recomenda medidas mais drásticas e mais a curto prazo, como seja, analisar empresa a empresa, de modo a perceber as que podem reduzir a produção para poupar energia.

A França não é dos países europeus mais dependentes do gás russo, mesmo assim, segundo dados da Comissão Europeia, em 2020, 17% do seu gás foi importado da Rússia.

As afirmações do ministro francês são feitas um dia antes do fecho temporário da ligação mais importante do gás russo à Alemanha, o mais dependente dos humores de Moscovo entre os países europeus. O gasoduto Nord Stream 1 está previsto encerrar durante dez dias para manutenção anual esta segunda-feira, mas as autoridades alemãs temem que o encerramento acabe por se prolongar indefinidamente.

O ministro de Assuntos Económicos e Alterações Climáticas alemão alertou para essa possibilidade na semana passada. “Depois de tudo o que vimos, não seria uma grande surpresa que eles dissessem ‘encontrámos uma coisa durante a manutenção, não podemos voltar a pô-lo a funcionar e isto e aquilo”, disse Robert Habeck, citado pelo Irish Times.

Na sexta-feira, o Parlamento alemão aprovou a utilização de mais centrais de carvão para substituir o gás na produção de energia. O objectivo é “manter os abastecimentos básicos no próximo Inverno e manter o mercado de energia funcionando o maior tempo possível, apesar dos preços altos e dos riscos crescentes”, acrescentou Habeck em comunicado.

A Gazprom reduziu consideravelmente o volume de gás enviado pelo gasoduto de 1200 quilómetros que liga a Rússia ao terminal no estado alemão de Meclemburgo-Pomerânia Ocidental. Actualmente, segundo a Agência Federal de Redes alemã, citada pela Europa Press, o Nord Stream 1 está a ser usado a 40% da sua capacidade.

Este sábado, a Reuters informou, citando uma fonte identificada, que o Governo canadiano permitiu que uma turbina necessária para o funcionamento do Nord Stream I encomendada pela Gazprom saia do país, depois de o seu envio ter sido travado em Junho, por causa das sanções contra a Rússia que o Canadá tem em vigor.

A turbina vai ser instalada na estação compressora de Portovaya, na Rússia, junto ao Báltico, mas passará primeiro por território alemão, esquema usado por Otava para não ser acusado de violar as suas próprias sanções. A sugestão havia sido dada pelo próprio Robert Habeck na quinta-feira, que se fosse por uma “questão legal”, que o equipamento fosse enviado para a Alemanha. O chanceler alemão, Olaf Scholz, falou directamente com o primeiro-ministro canadiano, Justin Trudeau, para desbloquear a questão.

Na sexta-feira, a Rússia garantiu que se a turbina chegar a Portovaya, a produção do Nord Stream 1 pode voltar aos níveis normais.

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