Culturgest 2022/23 com novas criações de Marlene Monteiro Freitas, Mala Voadora e Lia Rodrigues – e uma visita a Agustina

Programação da nova temporada conta com dança, teatro, música, artes visuais, cinema e conferências.

Foto
Mystery Sonatas/ For Rosa, novo espectáculo da companhia Rosas, de Anne Teresa De Keersmaeker Anne Van Aerschot

Estreias de Marlene Monteiro Freitas, Maria Duarte, Tânia Carvalho e Mala Voadora, concertos de Jenny Hval, Mão Morta e Rodrigo Brandão com a Sun Ra Arkestra, Lia Rodrigues em dose dupla, a premiada ópera-performance Sun & Sea e a primeira exposição em Portugal do artista alemão Peter Wächtler são alguns dos destaques da nova temporada da Culturgest.

Anunciada esta manhã, a programação 2022/2023 arranca em Setembro e conta com “mais de 40 momentos dedicados à criação contemporânea”, entre várias estreias nacionais e internacionais nas áreas da dança, do teatro e da música, além de exposições, cinema e conferências.

Em Setembro, no que diz respeito ao teatro, acontecerá a estreia de Mulheres em Lisboa ou as espias de látex na madrugada de 25 de Abril, de Maria Duarte, que se associa ao centenário do nascimento da escritora Agustina Bessa-Luís, assinalado em Outubro. Este espectáculo é “uma alta comédia” construída a partir de três obras de Agustina – Concertos dos Flamengos (1993), Antes do Degelo (2004) e Crónica do Cruzado Osb (1976) “para falar sobre alguns aspectos da vida das mulheres portuguesas e da feminilidade como uma figura que permeia e estorva a trama cultural, política e sexual”.

Ainda em Setembro, a companhia Mala Voadora estreia Universal Declaration of Human Rights, onde propõe um recuo até ao fim da Segunda Guerra Mundial “para revisitar as discussões que, no seio das Nações Unidas, deram origem à Declaração Universal dos Direitos Humanos”. No departamento do teatro, a instituição dirigida por Mark Deputter apresentará também a ópera-performance Sun& Sea, das lituanas Rugile Barzdziukaite, Vaiva Grainyte e Lina Lapelyte, obra vencedora do Leão de Ouro da Bienal de Veneza em 2019. O espectáculo marca o arranque do Alkantara Festival, nos dias 11 e 12 de Novembro, passando antes pelo Rivoli, no Porto, a 4 e 5.

Na dança, a nova temporada conta com várias estreias. À cabeça, Ôss, da coreógrafa Marlene Monteiro Freitas, aqui numa parceria com a companhia Dançando com a Diferença, integrada no Alkantara Festival, em Novembro. Em Janeiro, a Culturgest acolhe uma nova criação da companhia Rosas, da coreógrafa belga Anne Teresa De Keersmaeker: Mystery Sonatas/For Rosa é dedicada “a mulheres de resistência”, mais precisamente Rosa Bonheur, Rosa Luxemburgo, Rosa Parks, Rosa Vergaelen e Rosa, a activista climática de 15 anos que morreu no ano passado. Atenções redobradas também para os novos espectáculos de Victor Hugo Pontes e de Tânia Carvalho, e para a vinda da coreógrafa brasileira Lia Rodrigues, que em Abril apresenta Fúria e Encantado (esta última em estreia nacional, e também com desdobramento ao Porto através do Festival DDD – Dias da Dança), “duas coreografias que contrapõem o deslumbramento à destruição através de imagens de dor, beleza e violência”.

No que diz respeito à música, em Setembro, o MC brasileiro Rodrigo Brandão junta-se à Sun Ra Arkestra, liderada pelo saxofonista Marshall Allen. Nos meses seguintes, passam pela Culturgest Circuit des Yeux, Caterina Barbieri e Jenny Hval, e abre-se porta a duas colaborações inéditas: Surma com os músicos de jazz Pedro Melo Alves e João Hasselberg; e Mão Morta com o saxofonista Pedro Sousa.

Nas artes visuais, destaca-se a primeira exposição em Portugal do artista alemão Peter Wächtler, que inclui desenhos, esculturas e filmes produzidos ao longo da última década, e a Trienal de Arquitectura de Lisboa, com a exposição Visionárias, que “se concentra nas visões realizadas e realizáveis por pessoas da arquitectura, das artes, do design e da ciência”. Na Culturgest Porto, depois de terminada a exposição dos Berru, será apresentada, em Outubro, Miragem, de artista e performer Joana Magalhães.

De resto, esta nova temporada será ainda marcada pela 20.ª edição do festival de cinema Doclisboa e por uma série de conferências e debates. Em Outubro, haverá duas conferências dedicadas aos temas da Economia e Alterações Climáticas e da Diversidade e Inclusão e, entre Novembro e Dezembro, um ciclo em torno dos Impérios, desde o Império Colonial Português a “outros modos de fazer Império”, como os Estados Unidos, a União Soviética e a China. Cristina Roldão, Raquel Ribeiro, Jochen Hellbeck, Wang Hui e Elsa Dorlin são alguns dos oradores convidados.

Os bilhetes para os espectáculos entre Setembro e Janeiro de 2023 estão disponíveis a partir desta terça-feira.

Sugerir correcção
Comentar