Manifestantes invadem e incendeiam Parlamento da Líbia
Protestos contra a situação política e o agravamento das condições de vida ocorrem depois de falhadas as negociações para haver eleições.
Dezenas de manifestantes invadiram e pegaram fogo ao Parlamento da Líbia, na cidade de Tobruk, na sequência de protestos a nível nacional contra o agravamento das condições de vida e a situação política do país, que se mantém num impasse depois de terem falhado negociações com vista à convocação de eleições.
Os manifestantes queixavam-se dos cortes constantes de electricidade que o país tem sofrido nos últimos dias e do custo de bens essenciais como o pão, segundo a Al Jazeera.
Em Tobruk, para onde o Parlamento se mudou em 2014, foram queimados pneus nas ruas e uma pessoa conseguiu derrubar os portões que circundam o edifício, levando a uma invasão da Assembleia. No local, foi lido um comunicado a exigir a demissão de todos os órgãos políticos e a marcação de eleições presidenciais e legislativas até ao fim do ano.
A mesma exigência ouviu-se nas cidades de Sebha, Ajdabiya, Benghazi, Misrata e na capital, Trípoli. “Estamos fartos, estamos fartos! Queremos electricidade”, gritavam os manifestantes, de acordo com o site noticioso Al Wasat. “Estou aqui para protestar contra os políticos que levaram este país ao inferno”, declarou um deles. “Estamos num país produtor de petróleo e há cortes de energia todos os dias. Isto significa que o nosso país é gerido por corruptos”, acrescentou.
A Líbia deveria ter tido eleições legislativas em Dezembro passado, mas elas não foram convocadas. Desde Março que funcionam novamente dois governos: o liderado em Trípoli por Abdul Hamid Ddeibé, que se recusou a abandonar o poder, e o de Fathi Bashagha, em Tobruk, que chegou a primeiro-ministro apoiado pelo Parlamento.
Na capital, os combates entre grupos armados partidários de ambos os políticos têm-se intensificado nas últimas semanas, aumentando os receios de regresso a um cenário de guerra civil como aquele que a Líbia atravessou entre 2014 e 2020.
A representante das Nações Unidas no país, Stephanie Turco Williams, declarou no Twitter que “o direito ao protesto pacífico deve ser respeitado e protegido”, mas que a invasão do Parlamento era “completamente inaceitável”. Na semana passada, Williams reconheceu o fracasso das negociações mediadas pela ONU com vista à fixação de um quadro constitucional que permitisse a realização de eleições.