Israel marca eleições antecipadas para 1 de Novembro

País vai ter as quintas eleições legislativas em apenas três anos, depois de o Parlamento ter aprovado esta quinta-feira a sua dissolução.

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Yair Lapid vai ocupar o cargo de primeiro-ministro até às eleições de 1 de Novembro EPA/STR

O Parlamento israelita votou a favor da sua dissolução e marcou eleições antecipadas para 1 de Novembro – as quintas eleições legislativas em apenas três anos. Até haver uma nova coligação aprovada pelo Parlamento após o processo eleitoral, será o ministro dos Negócios Estrangeiros, Yair Lapid, a assumir interinamente a chefia do Governo.

Bennett, o primeiro chefe de Governo religioso de Israel, e Lapid, um secular acérrimo, tinham acordado uma rotatividade na chefia do governo, e caso este caísse, o cargo iria para Lapid. O desfecho era esperado depois de terem falhado as negociações de última hora entre o Likud e alguns partidos ultra-ortodoxos para oferecer uma alternativa de forma a voltar a colocar Benjamin Netanyahu na chefia do Executivo e evitar eleições antecipadas.

O Governo actual, composto por uma frágil coligação de oito partidos com sensibilidades muito díspares entre si, decidiu avançar para a dissolução do Parlamento ao fim de pouco mais de um ano, em que a convivência foi difícil, acabando por ditar a perda da maioria parlamentar que dependia apenas de um deputado. A convicção entre os principais partidos da coligação é a de que a missão principal de impedir um novo Governo com Netanyahu à frente foi alcançada e que novas eleições podem criar um quadro mais estável. Ainda assim, a coligação não conseguiu um acordo para uma lei que impediria que alguém alvo de uma acusação judicial criminal fosse impedido de ser primeiro-ministro –​ uma lei que impediria Netanyahu de chefiar o próximo governo.

O primeiro-ministro cessante, Naftali Bennett, disse na quarta-feira que não pretende voltar a ser candidato ao cargo nas próximas eleições. “Provámos ao longo deste ano que pessoas com opiniões muito diferentes podem trabalhar em conjunto”, declarou, num discurso no Parlamento.

As sondagens mostram que o antigo primeiro-ministro ainda continua a ser o político mais popular do país, apesar de estar a responder pelos crimes de corrupção, abuso de poder e fraude em três processos diferentes. A grande interrogação até às eleições de Novembro é se a fragmentação que tem impossibilitado a formação de Governos estáveis nos últimos anos se irá manter, quais os pequenos partidos que entram ou ficam fora do Parlamento, se Yair Lapid, cujo partido é o segundo na corrida, consegue o habitual “bónus” por estar a ocupar a chefia do Governo e, em suma, que bloco (pró ou anti-Netanyahu) terá maioria. Até agora, os campos parecem manter-se empatados.

A candidata do partido de Bennett será Ayelet Shaked, antiga ministra da Justiça de Netanyahu, que ficou conhecida internacionalmente sobretudo por um vídeo imitando um anúncio a um perfume – o perfume chamava-se “fascismo" e foi o modo de a política responder a críticas de activistas de esquerda que consideravam a sua proposta de reforma judicial problemática para a democracia.

A repetição de ciclos eleitorais é causa de preocupação no país. Yohanan Plesner, presidente do Israel Democracy Institute, comentou que “a disfunção política é o resultado de um falhanço sistémico que tem de ser resolvido”. Plesner assinalou que Israel está agora no primeiro lugar do pódio em termos de frequência de eleições, e que desde 1996 tem uma média de uma eleição a cada 2,6 anos.

O responsável destacou ainda “a situação singular de um candidato a primeiro-ministro estar a ser julgado e, por isso, membros do seu próprio campo político não estarem consigo”, para concluir que “esta crise só acabará quando os políticos de Israel puserem de parte as suas diferenças e acordarem reformas eleitorais e constitucionais”.

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