Arquitectura
Em Braga, há uma casa que cose o presente ao passado, à volta de uma escada
Da autoria de João Nuno Macedo, a Casa Monsenhor Airosa tem uma fachada que remete para a história da rua com o mesmo nome. No interior foi feita uma reabilitação que visa “responder às problemáticas actuais”, sem esquecer o passado.
Na hora de dar uma nova vida a uma habitação que agora abraça o nome da rua onde nasceu, assumiu-se desde logo um objectivo: “Adaptar a casa ao presente, respondendo às problemáticas actuais e respeitando a preexistência”, explica o arquitecto João Nuno Macedo.
A nova Casa Monsenhor Airosa, em Braga, foi projectada com o intuito de entrelaçar as várias histórias que a habitação já viveu e as exigências do presente. "Coser a nossa intervenção com o que a casa já tem", conta o arquitecto. Uma intenção que se estende até ao baptismo: “Demos o nome da rua à própria casa de forma a ir buscar aquilo que a rua foi anteriormente. É uma das casas que mantém uma arquitectura muito original do que a rua era.”
Segundo João Nuno Macedo, que neste projecto contou com a colaboração dos arquitectos Ricardo Silva e Marta Machado, a equipa guiou-se pelas necessidades dos futuros habitantes. Antes da reabilitação, a casa sofria de “demasiada compartição”, dividindo-se em dois compartimentos adaptados (um no piso superior, outro no inferior) ligados apenas pela escada. Com a reabilitação, os espaços tornaram-se “marcados, mas não fechados”.
Agora, a casa organiza-se em torno da escada: “O elemento principal sempre foi a escada. Continua a estar no mesmo espaço, mas agora define o que é a compartimentação da casa. Neste momento temos uma circulação em toda a volta da escada no piso inferior, mas esta também faz a ligação entre a área social da casa e a área íntima”, explica o arquitecto. A abertura dos espaços permitiu uma maior penetração de luz através da clarabóia que sempre esteve presente nas várias vidas da casa. “Dá-nos um ambiente mais natural, é o conforto que só a luz natural nos dá.”
Para fazer a ligação entre o moderno e o antigo, o rústico e o minimalista, os responsáveis pelo projecto serviram-se de escolhas cromáticas mais neutras, optando sobretudo pelo branco. “Não é preciso chegar a um elemento bem desenhado e dar uma cor forte. O desenho prevalece. Estamos a falar de uma arquitectura com carpintarias muito acentuadas, muito presentes no espaço. Definimos que devia ser um tom neutro a fazer a ligação entre [novos] elementos e aquilo que é intervenção nova e preexistência”, explica João Nuno Macedo.
Para além da fachada, persistem pormenores que nos levam a tempos idos. O arquitecto reforça o empenho em equilibrar o modernismo, o conforto e a história: “Continua a exibir um desenho que remete para o passado. É uma casa de época, que não deixa de ser uma casa que tem de responder às necessidades actuais. A arquitectura original, com a nova intervenção, torna-a mais confortável para quem a usa e vivencia.”
Texto editado por Amanda Ribeiro