Ghislaine Maxwell era “um lobo em pele de cordeiro”, acusam novos depoimentos

Depois de quatro mulheres terem testemunhado em tribunal, outras três escreveram à juíza que decide a sentença da cúmplice de Jeffrey Epstein. A acusação anexou as missivas ao processo.

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"Ghislaine, mereces passar o resto da tua vida numa cela de prisão", escreveu Virginia Giuffre Reuters/JANE ROSENBERG (arquivo)

Sete mulheres escreveram à juíza que decide sentença de Ghislaine Maxwell a acusar a ex-socialite de ter ajudado o financeiro Jeffrey Epstein a roubar a inocência das suas juventudes, apelando para que a magistrada Alison J. Nathan tenha em conta as suas experiências ao deliberar o número de anos de prisão efectiva.

A acusação tinha pedido uma pena de até 55 anos para a mulher condenada por crimes de tráfico sexual, incluindo de menores, enquanto a defesa tinha, na altura do veredicto, apelado para que não fosse imposto um tempo superior a 20 anos. No entanto, desde então, a equipa jurídica de Ghislaine Maxwell tem vindo a exortar por uma pena menor, de menos de cinco anos, apoiando-se no facto de a britânica não constituir uma ameaça à sociedade, não ter antecedentes criminais e por não existirem indícios de que vá reincidir. Além disso, indica a idade da arguida, 60 anos, como um ponto a ter em consideração na altura de decidir quanto tempo passará encarcerada.

A procuradoria incluiu então o testemunho de sete mulheres. Os depoimentos foram apresentados ao processo na última sexta-feira. Como resposta, a advogada Bobbi Sternheim apelou, segundo a AP, para que a juíza ignore os novos depoimentos, sobretudo os que não foram ouvidos durante as audiências.

Durante o caso, que foi julgado entre 29 de Novembro de 20 de Dezembro de 2021, quatro mulheres testemunharam contra Maxwell. Annie Farmer, a única que não testemunhou sob anonimato em tribunal e que já tinha falado contra Epstein antes do financeiro ter sido encontrado morto na sua cela, apontou o dedo à ausência de remorsos de Maxwell.

Agora, há mais a falarem sem usarem pseudónimos. É o caso de Sarah Ransome, autora de Silenced No More, que anexou fotografias suas numa cama de hospital após duas tentativas de suicídio que atribui ao trauma de mais de meio ano passado como “brinquedo sexual” de Epstein, Maxwell e outros.

Também Virginia Giuffre, que acusou o príncipe de André de abusos sexuais quando era ainda menor, num caso resolvido por acordo, disse que Maxwell “abriu a porta do inferno” enquanto dizia que era como uma nova mãe para dezenas de raparigas e jovens mulheres que preparava para o seu namorado e mais tarde patrão. “Ghislaine, como um lobo em pele de cordeiro, usou a sua feminilidade para nos trair, e conduziu-nos a todos através dela.”

Dirigindo-se directamente a Maxwell, Giuffre escreveu: “Podias ter posto fim às violações, aos abusos, às manipulações repugnantes que organizaste, testemunhaste e até participaste. Podias ter chamado as autoridades e relatado que fazias parte de algo horrível. Ghislaine, mereces passar o resto da tua vida numa cela de prisão. Mereces ficar presa numa gaiola para sempre, tal como prendeste as tuas vítimas.”

A sentença de Ghislaine Maxwell deverá ser revelada esta terça-feira.

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