Pintura de Josefa de Óbidos vendida na Feira de Arte de Maastricht
Menino Jesus Peregrino foi vendido a instituição não identificada. Esta terça-feira, quatro homens, um dos quais com uma marreta e outro com o que parecia ser uma arma de fogo, partiram vitrinas para assalto. Só dois foram detidos.
Um quadro da pintora portuguesa do século XVII Josefa de Óbidos, que se encontrava à venda na Feira de Arte e Antiguidades de Maastricht, nos Países Baixos, foi vendido a uma instituição pública dos Estados Unidos, foi anunciado esta terça-feira. A obra, intitulada Menino Jesus Peregrino, encontrava-se à venda por 600 mil euros no expositor do galerista luso-francês Philippe Mendes, que não revelou o valor final ou a instituição norte-americana que a adquiriu. Entretanto, um assalto à mão armada no evento gerou alguma agitação na feira esta terça-feira, com a polícia a deter duas pessoas e com outras duas a monte.
A polícia local disse ter detido dois suspeitos depois de um roubo que foi concretizado, e que outros dois suspeitos conseguiram fugir, noticia esta terça-feira a agência Reuters, citando um comunicado das autoridades. “Ninguém ficou ferido mas os ladrões consumaram o furto.” Há imagens nas redes sociais em que quatro homens vestidos de forma elegante, um dos quais empunhando uma marreta, partiram várias vitrines de joalharia. Um deles empunhava o que parecia ser uma pistola quando alguém tentou intervir no ataque. Não são conhecidos mais detalhes sobre o que foi roubado.
Obras portuguesas à venda
Além da pintura de Josefa de Óbidos vendida e que continua exposta no certame, também foi vendido, segundo o comunicado do galerista, um quadro de “elevado valor” dos séculos XVI/XVII, representando S. Vicente, do artista português Garcia Fernandes. Esta peça foi vendida a um coleccionador privado alemão, especialista em pintura do sul da Europa, cujo nome também não foi revelado.
No expositor, a Galeria Philippe Mendes, com sede em Paris, encontra-se igualmente à venda o quadro de Columbano Bordalo Pinheiro Na Floresta de Fontainebleau (retrato de Artur Loureiro, 1882), no valor de 450 mil euros.
A Feira de Arte e Antiguidades de Maastricht, uma das maiores do mundo no sector, é organizada pela European Fine Art Foundation (TEFAF) desde 1988, e recebe anualmente cerca de 80 mil visitantes.
Referência internacional no mercado de arte e antiguidades, o certame é visitado por curadores, directores e conservadores de museus, peritos de leiloeiras, antiquários e coleccionadores de todo o mundo.
Arte antiga, moderna e contemporânea, desde pintura, escultura, desenhos e iluminuras, fotografia, e ainda manuscritos, livros, joalharia e objectos de design de todo o mundo são anualmente apresentados na feira de arte e antiguidades de Maastricht.
Em 2018, a TEFAF concedeu 25 mil euros ao Museu Nacional de Arte Antiga, em Lisboa, para apoiar os trabalhos de restauro dos azulejos dos séculos XVII a XVIII da Capela das Albertas, iniciados nesse ano.
A entidade — que realiza em Maastricht, há mais de 30 anos, a Feira de Arte e Antiguidades — criou um fundo, em 2012, para ajudar museus e instituições de todo o mundo a restaurar e conservar obras de arte das suas colecções.
O certame é reconhecido no meio por manter critérios muito rigorosos de selecção das peças, razão pela qual é visitada por coleccionadores individuais ou entidade públicas e privadas, e representantes de museus de todo o mundo para adquirir obras para as suas colecções. Também publica anualmente um relatório sobre o mercado de arte, com números e análises de especialistas do sector.
De regresso após dois anos de interregno por causa da pandemia, a Feira de Arte e Antiguidades de Maastricht decorre até quinta-feira.