Presidente do Equador revoga estado de emergência enquanto enfrenta pedido de destituição
Guillermo Lasso aceitou a reivindicação dos indígenas que há duas semanas protestam contra as políticas económicas do governo. O estado de emergência estava em vigor desde 18 de Junho, inicialmente em três províncias, tendo depois passado para seis.
O Presidente do Equador, Guillermo Lasso, revogou no sábado o estado de emergência no país, uma das reivindicações feitas pelos líderes indígenas que há duas semanas protestam contra as políticas económicas do governo.
O estado de emergência estava em vigor desde 18 de Junho, inicialmente em três das 24 províncias do Equador e mais tarde alargada a seis províncias onde se concentravam os protestos liderados pela Confederação de Nacionalidades Indígenas (Conaie).
Com esta decisão, o Governo “ratifica a vontade de garantir a geração de espaços de paz nos quais os equatorianos possam retomar gradualmente as suas actividades”, disse um porta-voz da presidência do Equador.
O fim do estado de emergência foi anunciado horas após uma primeira reunião entre o líder da Conaie, Leonidas Iza, e representantes do executivo, convocada pelo presidente do parlamento do Equador, Virgilio Saquicela.
"O diálogo já começou, não houve nenhum compromisso, mas simplesmente a decisão da Conaie de consultar a sua base para nomear uma comissão para iniciar o diálogo”, explicou Saquicela.
O anúncio foi feito durante uma sessão plenária da Assembleia Nacional equatoriana, para discutir um pedido de exoneração de Guillermo Lasso, devido aos protestos que já provocaram seis mortos e pelo menos 200 feridos.
A exoneração exigiria dois terços do Parlamento, o que equivale a 92 dos 137 deputados, um número que será difícil de alcançar, depois de partidos como a Esquerda Democrática e o Partido Social Cristão terem anunciado que votarão contra.
Se a moção for bem-sucedida, o vice-presidente assumirá a presidência e serão convocadas, no prazo de sete dias, eleições legislativas e presidenciais antecipadas.
Na sexta-feira, numa reunião de indígenas, Leonidas Iza disse que “há uma decisão do povo, que quer que o Presidente da República, se não tiver capacidade de resolver os problemas, vá embora”.
Na semana passada, Lasso aceitou parte das reivindicações dos manifestantes, incluindo o cancelamento de dívidas para famílias camponesas de até três mil dólares (2.800 euros), a redução das taxas de juros e o aumento de 50 para 55 dólares (de 47 euros para 52 euros) de um subsídio para famílias vulneráveis.
No entanto, o Presidente recusou o congelamento e redução de preços de combustíveis, o controlo de preços dos bens de primeira necessidade, o fim das privatizações e a suspensão de novas explorações de petróleo e minério na Amazónia equatoriana.