Tripulantes dizem que TAP quer “enfraquecer qualquer posição mais radical” dos sindicatos
Aumento da garantia mínima foi “uma medida unilateral por parte da empresa” e “terá de ser a empresa a explicar aos trabalhadores o porquê desta atitude”, diz o Sindicato Nacional do Pessoal de Voo da Aviação Civil (SNPVAC).
O Sindicato Nacional do Pessoal de Voo da Aviação Civil (SNPVAC) acusou hoje a TAP de querer “enfraquecer qualquer posição mais radical” do sindicato, depois de ter anunciado um aumento da garantia mínima, segundo uma nota interna.
No documento, a que a Lusa teve acesso, o sindicato indicou que no domingo foi informado “pela comissão executiva da TAP, de um ‘generoso’ aumento da garantia mínima, estabelecida nos acordos de emergência”.
Numa mensagem enviada aos trabalhadores e à qual a agência Lusa teve acesso a empresa sublinhou que “um dos principais objectivos definidos para estes cortes era poder adoptar um salário mínimo garantido ao qual nenhum corte seria aplicado. A aplicação desta garantia mínima significa que os cortes efectivos não são de 25%, mas variam em média entre 12 e 15%”, refere a carta.
Em resultado de um “diálogo aberto e contínuo, foi decidido actualizar o salário mínimo garantido de 1330 euros para 1410 euros, retroactivamente a Janeiro de 2022” e “isto assegurará o princípio de manter a protecção de um nível de remuneração sem cortes equivalente a dois salários mínimos nacionais”, adiantou a companhia aérea aos trabalhadores.
Na nota hoje enviada aos associados, a direcção do SNPVAC disse que “não pode deixar de ficar satisfeita com a redução dos cortes dos nossos colegas pilotos, permitindo assim que a empresa deixe de utilizar o argumento de que a suspensão dos 10% do PNT (Período Normal de Trabalho) e o pagamento das horas extra ao PNC [pessoal navegante comercial], sejam motivo de bloqueio para qualquer tipo de melhoria das condições dos trabalhadores do grupo TAP, como chegou a ser veiculado pela administração”.
“Quanto à questão do aumento da garantia mínima, e não salário mínimo, como alguns querem fazer transparecer, esta direcção não anuiu tal decisão. Trata-se de uma medida unilateral por parte da empresa e terá de ser a empresa a explicar aos trabalhadores o porquê desta atitude”, indicou.
“A nós, parece-nos que o objectivo traçado está bem definido: enfraquecer os trabalhadores e o nosso sindicato, que nos últimos meses tem encetado todos os esforços para melhorar as condições dos nossos associados”, sublinhou o SNPVAC.
A estrutura sindical realçou ainda que “esta manobra visa enfraquecer qualquer posição mais radical que venha a ser tomada por qualquer sindicato a título particular”, e que pretende “enfraquecer” o sindicato “numa futura negociação de AE [acordo de empresa] e tem como único intuito denegrir uma vez mais a imagem dos trabalhadores da TAP, perante a opinião pública”.
“Os cortes a que todos os trabalhadores estão sujeitos estão a delapidar toda a massa humana da TAP, estão a delapidar a alma da nossa empresa, bem como a nossa integridade e o nosso brio profissional”, realçou, acrescentando que “sobre o valor em questão, que não traduz o crescimento/realidade da operação, o SNPVAC considera imoral que numa indústria de milhões se conte tostões, quando se trata dos salários dos trabalhadores”.
“Não podemos deixar de lamentar essa rigidez contabilística quando a razão é a melhoria das condições humanas de quem tanto tem dado na recuperação da empresa”, rematou.