Varíola-dos-macacos: DGS divulga cuidados a ter em eventos antes e após contactos sexuais

A forma de apresentação e disseminação da infecção sugere que a transmissão esteja a acontecer por contacto próximo, incluindo relações sexuais, refere a Direcção-Geral da Saúde.

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Laboratório da empresa Bavarian Nordic, na Alemanha, que produz vacinas contra a varíola-dos-macacos Reuters/LUKAS BARTH

A Direcção-Geral da Saúde (DGS) quer que empresas, organizações de eventos ou grupos informais sensibilizem os participantes sobre a infecção pelo vírus da varíola-dos-macacos (monkeypox ou VMPX), recomendando cuidados específicos a ter, inclusive durante e após contactos sexuais.

A forma de apresentação e disseminação da infecção sugere que a transmissão esteja a acontecer por contacto próximo, incluindo relações sexuais, refere a DGS, adiantando que os casos notificados no actual surto foram na sua maioria detectados em homens que têm sexo com homens, embora a transmissão também tenha sido documentada noutras pessoas.

Portugal registou mais 35 casos de infecção pelo vírus, elevando para 276 o total de pessoas infectadas, todos homens que se encontram clinicamente estáveis, referiu hoje a DGS.

Segundo a informação divulgada pela autoridade de saúde, eventos públicos, privados e viagens, facilitaram a transmissão de infecções, mas estes eventos “poderão ser oportunidades para sensibilizar os participantes e transmitir informação, ao mesmo tempo que se podem desenvolver medidas de prevenção e higienização para reduzir riscos nesses contextos”.

Para a DGS, “os parceiros comunitários são essenciais para garantir uma comunicação eficaz e atempada, adequada ao público a envolver, identificar as principais mensagens de prevenção e promoção da saúde e o alinhamento entre todos os envolvidos, para identificar rumores/desinformação e ajudar a melhorar o conhecimento sobre a infecção, e para facilitar a adesão às medidas de protecção”.

Entre o conteúdo das “mensagens chave” a transmitir, a DGS refere que a infecção pelo vírus da varíola-dos-macacos caracteriza-se pelo aparecimento de lesões na pele ou mucosas, que podem ser localizadas numa determinada região do corpo ou generalizadas, atingindo habitualmente a face e boca, membros superiores e inferiores ou região ano-genital. O surgimento de sintomas deve motivar a procura de aconselhamento e avaliação médica e deve evitar-se o contacto físico próximo, incluindo relações sexuais.

“O contacto físico próximo é a principal forma de transmissão. Uma relação sexual pode envolver risco. Relações sexuais com múltiplos parceiros/as aumentam o risco”, destaca a DGS.

A utilização do preservativo é importante para prevenir a transmissão do VIH e outras infecções sexualmente transmissíveis (IST), mas não oferece protecção eficaz para o vírus alerta ainda na informação.

Entre as medidas a adoptar “antes, durante e após” os eventos, a DGS recomenda que seja desincentivada a participação em caso da existência de sintomas e que os organizadores considerem o envio de informação prévia aos participantes, através das redes sociais ou no momento da inscrição.

A DGS aconselha também formar os trabalhadores e funcionários sobre os sinais e sintomas mais comuns de infecção e sobre o aconselhamento a dar a casos suspeitos, bem como dispensar os funcionários/voluntários que apresentem sintomas.

Entre as sugestões, a autoridade de saúde quer que os organizadores incentivem os participantes a “guardar os contactos das pessoas com quem mantiverem contacto físico próximo, incluindo relações sexuais, caso seja necessário identificá-los posteriormente”.

Entre as recomendações de higiene, a DGS aconselha que “se existir roupa de cama, deve ser mudada após utilização por um novo participante/cliente”.

“Essa roupa deve ser manipulada por funcionários de limpeza que utilizem luvas e máscaras e lavada a mais de 60 graus centígrados. Após manipulação da roupa, deve retirar-se as luvas e lavar/higienizar as mãos”, pode ler-se.

A informação da autoridade de saúde adverte também contra a estigmatização da doença, tendo em conta que “a maioria dos casos até agora foram reportados em homens que têm sexo com homens”. “O estigma e o medo podem dificultar as respostas em matéria de saúde pública, pois podem fazer com que as pessoas escondam a sua doença e são barreiras de acesso aos cuidados de saúde”, alerta a DGS.

Entre os conselhos para mitigar a estigmatização, a autoridade de saúde pede que se utilize “uma linguagem respeitosa e inclusiva” e que se transmitam “os factos de forma clara e acessível”.

De acordo com as autoridades de saúde, a manifestação clínica da varíola-dos-macacos é geralmente ligeira, com a maioria das pessoas infectadas a recuperar da doença em poucas semanas. Os sintomas incluem febre, dor de cabeça, dores musculares e nas costas, nódulos linfáticos inchados, calafrios, exaustão, evoluindo para erupção cutânea. O período de incubação é tipicamente de seis a 16 dias, mas pode chegar aos 21 e, quando a crosta das erupções cutâneas cai, a pessoa infectada deixa de ser infecciosa.

Portugal vai receber 2700 doses das vacinas contra o vírus adquiridas pela Comissão Europeia, confirmou recentemente a DGS, que está a elaborar uma norma técnica que definirá a forma como serão utilizadas.