EasyJet torna-se “segunda maior companhia em Lisboa” ao receber 18 slots da TAP

Comissão Europeia anunciou a Easyjet como a companhia vencedora, em detrimento da Ryanair, afirmando que a decisão “vai encorajar a concorrência no mercado da aviação”, ao permitir à EasyJet expandir-se no aeroporto, que está bastante congestionado.

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Easyjet vê a operação reforçada no aeroporto de Lisboa com mais 18 faixas diárias de aterragem e descolagem que eram da TAP Rui Gaudencio

A EasyJet vai ultrapassar a Ryanair e tornar-se a “companhia aérea número dois no aeroporto de Lisboa” com os 18 slots (faixas horárias ligadas a autorizações de aterragens e descolagens) da TAP que Bruxelas obrigou a ceder como contrapartida das ajudas de Estado. A escolha da EasyJet, em detrimento da Ryanair, que também estava na corrida aos slots da TAP, foi comunicada esta quinta-feira pela Comissão Europeia.

Em comunicado, a EasyJet afirmou que se congratula com a decisão tomada por Bruxelas, destacando também a passagem para a segunda posição, após a TAP, na maior infra-estrutura aeroportuária de Portugal.

De acordo com a EasyJet, este reforço irá fazer com que a companhia aérea possa oferecer melhores condições de serviço, incluindo mais destinos. A empresa diz também que a decisão de Bruxelas “confirma igualmente o papel fundamental da companhia aérea no mercado português que criará mais oportunidades de emprego local”. A decisão, diz a empresa, terá efeitos práticos a partir do final do mês de Outubro, com o início da temporada de Inverno do sector, faltando também formalizar a transacção entre as duas companhias.

Citado no comunicado, José Lopes, o director da EasyJet em Portugal, mercado onde a companhia está desde 1998 (abriu a base em Lisboa em 2012), afirmou que o reforço dos slots permite “continuar a crescer significativamente” naquele que é apresentado como sendo um dos seus mercados mais importantes.

De acordo com os dados da empresa, a Easyjet emprega actualmente mais de 500 trabalhadores, actua em três bases, onde tem 16 aviões, e voa para cinco aeroportos (Porto, Faro, Funchal e Porto Santo, além de Lisboa).

“Até agora, em comparação com os níveis pré-pandémicos, a EasyJet cresceu 13,1% em Portugal: 14% em Lisboa, 50% no Porto e 63% no Funchal”, refere a companhia aérea.

A cedência dos slots da TAP foi imposta por Bruxelas de modo a mitigar eventuais distorções de mercado pelos apoios do Estado português ao abrigo do plano de reestruturação, a par da cedência das posições accionistas na Groundforce e na Caterinpor.

No final do ano passado, em entrevista ao PÚBLICO, a presidente executiva da TAP, Christine Ourmières-Widener, afirmou que a empresa já estava “a operar num contexto muito desafiante de aeroporto” e que o impacto da cedência dos slots na operação dependeria “do tipo de operadores que vão usar o slot e do tipo de operações que terão”.

No comunicado divulgado esta quinta-feira, onde deu nota da vitória da EasyJet, a vice-presidente da Comissão Europeia, e responsável pela pasta da concorrência, Margrethe Vestager, afirmou que esta transacção “vai encorajar a concorrência no mercado da aviação, ao permitir à EasyJet expandir-se neste aeroporto congestionado, contribuir para a formação de preços justos e aumentar as escolhas dos consumidores europeus”.

No documento, Bruxelas sublinha que o aeroporto de Lisboa é uma infra-estrutura “muitíssimo congestionada” o que significa que “as companhias aéreas não conseguem aceder aos slots que solicitam para as suas operações”.

O processo teve início a 21 de Dezembro de 2021, quando a Comissão Europeia deu a necessária “luz verde” aos apoios estatais à TAP, cujo valor totaliza cerca de 3,2 mil milhões de euros, dos quais 2,55 mil milhões em apoios financeiros para sanear as contas e o resto em ajudas ligadas a efeitos directos da pandemia (como a suspensão de rotas).

Depois, a 25 de Fevereiro, foi lançado o processo para a atribuição dos 18 slots através de um comité formado para o efeito, ao qual Bruxelas não especifica quantas companhias recorreram. Após uma análise que valorizou o número de lugares para passageiros que as empresas afirmaram disponibilizar se ficassem com os slots em causa, a Comissão Europeia optou então pela EasyJet, que poderá assim crescer no aeroporto de Lisboa numa fase de retoma do turismo.

Notícia actualizada às 12h51m

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