Câmara do Porto defende policiamento gratificado na zona da movida

Empresários da noite mostraram disponibilidade para pagar policiamento, mas proposta levada ao Ministério da Administração Interna por Rui Moreira terá sido recusada. Governo terá prevista contratação de mais agentes para a PSP.

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Agentes económicos dos espaços nocturnos estão disponíveis para pagar policiamento NFACTOS / FERNANDO VELUDO

Rui Moreira está preocupado com os “novos focos e novos tipos de insegurança” que surgiram no Porto depois da pandemia e propôs ao Ministério da Administração Interna que houvesse policiamento gratificado, nomeadamente na zona da movida. A sugestão, disse durante a reunião de câmara desta segunda-feira, partiu da auscultação da população que reside nessa geografia e dos actores económicos de espaços nocturnos, que se mostraram disponíveis “para pagar” o serviço, disse.

A proposta terá sido, no entanto, recusada, contou o autarca do Porto aos vereadores, questionado sobre a reunião com o ministro José Luís Carneiro, que tem auscultado os representantes dos municípios de todo o país. A “matéria sensível” do policiamento gratificado na via pública, continuou Moreira, revelou uma “divergência clara” entre Governo e as autarquias do Porto e de Lisboa, que foram ouvidas em conjunto.

“Tem havido o entendimento da direcção nacional da PSP de que [o policiamento] só pode ser feito debaixo de telha. Pode ser feito dentro de lojas de ouro, de supermercados e de centros comerciais, mas não na via pública”, protestou.

O problema foi a “contradição” recente: quando a Metro do Porto pediu para ter policiamento gratificado em zonas onde os tapumes das obras limitaram a visibilidade, essa autorização foi dada, apontou Rui Moreira, sublinhando concordar com a decisão, mas reclamando igual tratamento: “Porque é que a Metro pode e nós não?”

O presidente da Câmara do Porto acrescentou que foi dito aos autarcas que está prevista a contratação de mais efectivo para a PSP. Mas insistiu na sua preocupação com o “entretanto”: “Qualquer dia vamos ter uma tragédia”, apontou, sublinhando que a videovigilância, que já foi aprovada para a Baixa do Porto, é apenas uma ferramenta extra. “Não substitui um contingente mais efectivo da PSP.”

A previsão de contratação de mais agentes para essa força policial poderá também desbloquear o processo de contratação na Polícia Municipal, que tem visto o seu contingente diminuir nos últimos anos, acrescentou Rui Moreira.

Quanto ao número de esquadras na cidade, o autarca independente disse ao Ministério da Administração Interna considerar que é, neste momento, o adequado. Depois de um “esforço de articulação para se fazer uma concentração”, o autarca não recomenda novos encerramentos.

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