Urgência de Obstetrícia do Beatriz Ângelo reabriu. Constrangimentos na cirurgia no Amadora-Sintra e na Ortopedia da Guarda

A falta de médicos continua a condicionar o atendimento nas urgências em várias unidades do Serviço Nacional de Saúde. Este domingo, segundo a actualização diária da ARSLTV, o serviço do Hospital Beatriz Ângelo foi o único a estar encerrado, mas reabriu às 20h. Hospitais de Lisboa fizeram 75 partos neste sábado.

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O Hospital Professor Dr. Fernando Fonseca (Amadora-Sintra) tem a Urgência de Cirurgia Geral a funcionar “de forma condicionada” Rui Gaudêncio

O Hospital Professor Dr. Fernando Fonseca (Amadora-Sintra) tem a Urgência de Cirurgia Geral a funcionar “de forma condicionada” desde as 8h deste domingo e assim deverá continuar até às 8h de segunda-feira. Na Guarda, o Hospital Sousa Martins está sem Urgência de Ortopedia há já alguns dias e também tem condicionamentos nas deslocações da VMER (Viatura Médica de Emergência e Reanimação). São mais dois casos a juntar-se aos constrangimentos que têm estado a afectar várias unidades de saúde do país, sobretudo na Urgência de Obstetrícia/Ginecologia da Grande Lisboa.

A notícia dos constrangimentos nos dois serviços do Amadora-Sintra e da Guarda foi avançada pela CNN e confirmada pelo PÚBLICO. Fonte oficial do primeiro hospital confirma que a Urgência de Cirurgia Geral está a funcionar de forma condicionada, mas garante que “a urgência permanecerá aberta, assegurando os cuidados necessários a doentes urgentes/emergentes”.

Ou seja, se algum doente se deslocar às urgências por meios próprios, será atendido, mas foi solicitado ao CODU/INEM que não transporte doentes desta especialidade para ali, sendo reencaminhados para outros hospitais da rede do Serviço Nacional de Saúde (SNS).

Na Guarda os problemas com o serviço de Ortopedia não começaram este fim-de-semana e já têm alguns dias, explica fonte oficial do hospital, embora sem saber precisar exactamente quando. “Estamos com alguns constrangimentos como está a acontecer no resto do país. Temos profissionais com covid, outros de férias e um com licença de nojo. Isto está a causar um constrangimento brutal e estamos sem escalas em Ortopedia. O CODU foi informado da situação e todos os doentes estão a ser transferidos para Viseu”, diz.

O funcionamento do serviço exige, no mínimo, a presença de dois especialistas e a Guarda não está a conseguir ter médicos suficientes para isso. “Não conseguimos fazer pares”, explica a mesma fonte. A expectativa, contudo, é que a situação seja normalizada já esta segunda-feira.

O mesmo problema de falta de profissionais está também a dificultar a capacidade de o hospital ter todas as escalas da VMER a funcionar. Também aqui, garante a mesma fonte, o CODU está devidamente informado da situação, para evitar qualquer perda de tempo a encaminhar para esta unidade casos que necessitem desta viatura especializada. “Quando a VMER não pode sair porque não tem profissionais, pede-se a Viseu ou Castelo Branco, como eles nos pedem a nós quando têm o mesmo problema. O país funciona em rede e o CODU é sempre informado atempadamente das escalas, para que não haja qualquer perda de tempo na activação de meios”, garante.

O encerramento ou condicionamento dos serviços de Urgência por falta de médicos é um problema transversal ao país e que não é novo, ocorrendo, sobretudo, nos períodos de férias. O fim-de-semana prolongado de quatro dias em Lisboa está a ser marcado por diversos constrangimentos na Urgência de Obstetrícia/Ginecologia nos hospitais da região. A Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo (ARSLVT) anunciou, na sexta-feira, que o este serviço iria estar encerrado no Hospital de S. Francisco Xavier durante a noite e até às 8h da manhã de sábado e que se verificavam também constrangimentos no mesmo serviço no Hospital de Setúbal. Já o Hospital Beatriz Ângelo, em Loures, iria sofrer “constrangimentos” nesta Urgência, ininterruptamente, ao longo de todo o fim-de-semana e até às 8h de segunda-feira, feriado de Santo António em Lisboa.

No sábado, a ARSLVT actualizou a informação, indicando que também os hospitais do Barreiro-Montijo e Garcia de Orta (Almada) teriam estas urgências fechadas até às 8h da manhã deste domingo, continuando, também, a ser reencaminhados para outros hospitais de Lisboa os casos destinados à Urgência de Obstetrícia/Ginecologia do S. Francisco Xavier.

Condicionamentos continuam na Grande Lisboa

Este domingo, segundo a actualização diária da ARSLTV, apenas o serviço do Hospital Beatriz Ângelo permaneceu encerrado, mas a previsão de que reabriria apenas às 8h de segunda-feira não se cumpriu, e foi possível reabrir a Urgência de Obstetrícia às 20h. A ARSLVT indicava que podiam, ainda assim, “existir constrangimentos pontuais que serão supridos por outras unidades da região, que assegurarão a resposta do SNS”. A mesma entidade precisa que entre sexta-feira e sábado foram realizados 146 partos nos hospitais da região (75 dos quais no dia de ontem), o que “atesta o funcionamento em rede das unidades do SNS”.

Em Braga encerrou este domingo, e durante 24 horas a Urgência de Obstetrícia/Ginecologia, pela “impossibilidade de completar escalas”. A Lusa tinha também avançado que o Hospital de Santarém estava com equipas reduzidas em Obstetrícia até às 8h deste domingo, pelo que dera indicação ao CODU/INEM para encaminhar as urgências desta área para outros hospitais da região. Já este domingo, a CNN adianta que o constrangimento continua e vai prolongar-se pelo menos até às 9h de segunda-feira, juntando-se uma situação idêntica na Urgência de Ortopedia deste hospital.

O constrangimento no atendimento aos doentes urgentes de Obstetrícia tem estado na agenda do dia desde que foi tornado público que, na noite de quarta-feira, uma grávida que se deslocou ao Hospital das Caldas da Rainha acabou por perder o bebé depois de ser, alegadamente, sujeita a uma cesariana de emergência. O serviço de urgência daquele serviço estava encerrado, por falta de médicos, e o CODU/INEM tinha sido informado, mas a mulher deslocou-se ao hospital pelos seus próprios meios. O caso está a ser investigado pela Inspecção-Geral das Actividades em Saúde.

Notícia actualizada com a reabertura do serviço de Urgência de Obstetrícia do Hospital Beatriz Ângelo.

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