Montenegro diz que há “sinais graves de degradação” no SNS e Chega quer debate de urgência sobre obstetrícia

Falta de profissionais leva à suspensão dos serviços de obstetrícia e ginecologia em cinco hospitais - no de Braga e outros quatro na Grande Lisboa.

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Manuel Roberto

Depois da morte de um recém-nascido no parto no Hospital das Caldas da Rainha e do encerramento das urgências de obstetrícia e ginecologia em pelo menos quatro hospitais durante este fim-de-semana, as críticas sucedem-se, em especial dos partidos à direita. O presidente eleito do PSD, Luís Montenegro, afirmou que “todos os dias o SNS dá sinais graves de degradação e gera desconfiança dos cidadãos”, enquanto o Chega enviou ao presidente do Parlamento um pedido para a marcação de um debate de urgência, com a presença do Governo, sobre “o caos instalado nos serviços de urgência e de ginecologia”. Também a IL exige a reposição da normalidade na prestação dos cuidados, nomeadamente no hospital de Braga, pelo qual o partido elegeu Rui Rocha, e lembra que o fim da parceria público-privada (PPP) do Hospital de Braga se deveu ao “enviesamento ideológico” do Governo.

No Twitter, onde partilhou uma notícia sobre o encerramento temporário das urgências, Luís Montenegro aproveitou para criticar as opções do Governo do PS: “Os portugueses estão a pagar anos de cativações e birras ideológicas. É mais uma demonstração objectiva do empobrecimento que os governos socialistas trazem a Portugal.”

O Hospital de Braga confirmou este sábado que vai fechar a urgência de obstetrícia desde as 8h de domingo até às 8h de segunda-feira “pela impossibilidade de completar escalas de trabalho necessárias” ao seu funcionamento, mas garante que “está a trabalhar” para que “a resposta seja garantida” junto de outras unidades.

A Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo (ARSLVT) actualizou, entretanto, a informação sobre estes serviços na Grande Lisboa, indicando que as urgências de obstetrícia do Hospital Barreiro-Montijo e do Garcia de Orta também vão estar encerradas entre as 20h deste sábado e as 8h de domingo. Este serviço no Centro Hospitalar Lisboa Ocidental (S. Francisco Xavier), que já esteve encerrado na última noite, volta a estar de portas fechadas este sábado à noite. E mantêm-se os já anunciados constrangimentos na urgência de obstetrícia/ginecologia do Hospital Beatriz Ângelo (Loures), que estão previstos até ao final do dia de segunda-feira.

Já na sexta-feira, o PSD tinha questionado a ministra da Saúde sobre as circunstâncias da morte de um bebé, após parto por cesariana, no Hospital das Caldas da Rainha. Os sociais-democratas enviaram perguntas ao gabinete de Marta Temido pedindo que diga “que diligências foram espoletadas pela tutela para apurar todas as responsabilidades” e quais as que foram desenvolvidas pelo Ministério da Saúde para apoiar a família do bebé. Também querem saber quando “será reforçado o serviço de obstetrícia do Hospital das Caldas da Rainha, para que não voltem a existir períodos sem assistência médica especializada”.

IL lembra fim da PPP do Hospital de Braga

Entretanto, neste sábado, o Chega enviou um pedido a Augusto Santos Silva para a marcação de um debate de urgência sobre a situação nas urgências. Tendo em conta que haverá uma reunião da conferência de líderes na próxima quarta-feira, esse debate será agendado nesse dia.

No requerimento enviado ao presidente da Assembleia da República, o partido enumera os hospitais que têm admitido problemas na elaboração de listas de equipas e que levaram à suspensão dos serviços de urgência nas especialidades de obstetrícia e ginecologia durante períodos diferentes neste fim-de-semana prolongado. E isso depois da situação da morte de uma criança durante o prato de cesariana, no Hospital das Caldas da Rainha cuja urgência obstétrica estava a funcionar com uma equipa reduzida e onde, “alegadamente, terão sido dadas instruções para não serem admitidas mulheres grávidas”, descreve o partido liderado por André Ventura.

Depois de a IL ter pedido a ida da ministra da Saúde ao Parlamento para dar explicações sobre a auditoria do Tribunal de Contas que detectou insuficiências nos cuidados a doentes oncológicos, o partido liderado por João Cotrim de Figueiredo emitiu este sábado um comunicado a propósito da situação do Hospital de Braga, distrito pelo qual elegeu o deputado Rui Rocha.

“Toda esta situação insere-se num contexto geral de degradação dos serviços públicos, por manifesta incapacidade de gestão do Governo, com particular gravidade no sector da saúde, sendo recorrentes nos últimos dias os relatos de grandes perturbações no funcionamento em hospitais como o de Setúbal, Torres Vedras, Caldas da Rainha, Leiria, Faro ou Penafiel, só para indicar alguns exemplos”, lê-se.

Os liberais acrescentam que “no caso específico do Hospital de Braga, importa ainda recordar que este funcionava até 2019 num modelo de parceria público-privada (PPP), sendo reconhecidamente uma unidade que assegurava um bom serviço às populações e que a extinção da referida PPP teve como único fundamento o enviesamento ideológico do Governo, que não teve em conta o interesse dos utentes, tal como a Iniciativa Liberal tem vindo a denunciar e a criticar”. O deputado e os núcleos do partido nos distritos de Braga e de Viana do Castelo “tomarão todas as diligências ao seu alcance para que a normalidade seja resposta na prestação de cuidados de saúde na região”, dizem no comunicado. Com Marta Moitinho Oliveira

Actualizada às 19:01 com posição da Iniciativa Liberal

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