Monica Lewinsky teve momentos de colapso nervoso durante a produção de Impeachment: American Crime Story, disse a protagonista da história verídica dramatizada na série, num evento no El Capitan Theatre, em Hollywood.
“Foi difícil. Não quero dourar a pílula. Foi muito complicado e houve momentos em que tive colapsos nervosos que nos surpreenderam a todos”, afirmou Lewinsky, que trabalhou como produtora na série que conta os bastidores do escândalo sexual com o ex-presidente Bill Clinton, em 1998.
“Houve aspectos que foram fáceis e outros que foram muito mais complicados que o que eu esperava”, disse, questionando em tom de gracejo onde estava a psicóloga que contratou para a ajudar neste trabalho.
Uma das cenas mais difíceis para Monica Lewinsky, que se viu envolvida no processo de destituição do então Presidente Bill Clinton, foi aquela que retrata um almoço entre ela e a amiga Linda Tripp (interpretada por Sarah Paulson) e a traição que ocorreu.
“A cena no Ritz-Carlton, no almoço que foi secretamente gravado, foi uma das mais difíceis para mim porque foi tão real”, referiu.
Agora com 48 anos, Lewinsky considerou que a série escrita por Sarah Burgess e produzida por Ryan Murphy conseguiu dar contexto ao que aconteceu, ao mesmo tempo que trouxe compaixão e humanidade.
“Isso foi importante para toda a gente envolvida. Ficaram a entender que os nomes que tinham visto nas manchetes eram pessoas reais. Todos tínhamos uma vida e o nosso mundo”, disse.
Lewinsky também considerou que houve progresso desde estes acontecimentos, em que a sua vida – e a de outras mulheres adjacentes ao escândalo – foi completamente devassada.
“Estamos a ter conversas que não tivemos há quase 25 anos, que são importantes”, considerou. “Estamos a ver mudanças na forma como olhamos para as histórias e a compreender o abuso de poder e a importância de quem está a ditar a narrativa”, continuou. “Mas ainda estamos a tentar chegar lá”.
Contar de novo pela perspectiva das mulheres
Mira Sorvino, que interpreta a mãe de Monica Lewinsky, Marcia Lewis, disse no evento que a série mostra a humanidade de cada pessoa envolvida no escândalo.
“Foi insano que o peso inteiro do governo norte-americano, dos dois lados, tenha caído em cima destas pessoas de uma forma tão devastadora e desnecessária”, disse a actriz.
Também Annaleigh Ashford, que dá corpo a Paula Jones (figura central na investigação que desencadeou o impeachment), salientou a importância de mostrar o outro lado.
“O que falhou na narrativa inicial é que foi uma história sobre mulheres contada por homens”, afirmou. “Este é um contar de novo pela perspectiva das mulheres e um focar num momento histórico em que devíamos ter sido melhores”.
Margo Martindale, que interpreta Lucianne Goldberg, frisou como Beanie Goldstein foi a escolha certa para encarnar Lewinsky nesta dramatização de um escândalo que atingiu proporções mundiais.
“Escolher a Beanie como Monica foi um golpe de génio, porque eu nunca tinha percebido como ela era nova”, disse Martindale. “Essa é a história. A Monica era uma miúda”.
O evento em Los Angeles, que decorreu esta madrugada, foi integrado no Disney FYC Fest, uma iniciativa que dura até 15 de Junho para promover as séries do grupo junto dos membros da Academia de Televisão, que irão fazer as nomeações para os prémios Emmy.