Alessandra Ambrósio: “Sempre pensei que a minha carreira ia acabar cedo”
A supermodelo brasileira tornou-se conhecida na Victoria’s Secret e já foi considerada, pela revista Forbes, uma das mais bem pagas da indústria da moda. Não se arrisca a fazer previsões sobre o futuro, mas também não quer “ficar presa ao passado”. “O que está a acontecer é agora e o agora é fantástico”, declara ao PÚBLICO.
Aos 41 anos, é das modelos mais reconhecidas da actualidade. Com mais de 20 anos de carreira foi ao ganhar um par de asas da Victoria’s Secret que Alessandra Ambrósio atingiu o estrelado — fama que mantém apesar de já se ter despedido das passerelles das grandes marcas de moda. Num encontro com jornalistas, a propósito da inauguração da exposição Her Time da Omega, em Madrid, garantiu estar a “adorar” a fase da carreira em que se encontra e lembrou que “nunca se sabe se há um fim”.
Nas novas gerações há poucos nomes tão sonantes como o da modelo brasileira Alessandra Ambrósio, numa época em que as fronteiras entre o trabalho de modelo e influencer se esbateram. Natural do Rio Grande do Sul, aos 17 anos mudou-se para Nova Iorque para seguir o sonho. “Cresci numa cidade muito pequena, começar no mundo da moda era muito difícil — encontrar um bom agente ou até tirar fotografias para um portfólio era muitíssimo complicado”, recorda ao PÚBLICO.
Em 2000, quando tinha apenas 19 anos, pisou, pela primeira vez, a passerelle da Victoria’s Secret e não demorou até se tornar um dos anjos, rosto da conhecida marca de roupa interior. Ocupou o lugar durante 17 anos e protagonizou momentos marcantes ao usar o Fantasy Bra — a icónica peça do desfile anual — por duas vezes, em 2012 e 2014, e a desfilar com as asas mais pesadas de sempre quando estava grávida do segundo filho.
Em 2021, a marca anunciou que os anjos seriam substituídos por activistas, numa tentativa de acompanhar uma sociedade em mudança, onde a beleza já não se quer presa a padrões. Ambrósio já não estava ligada à marca desde 2017 e não comentou, no encontro sobre relojoaria, o tema, mas assegurou que hoje “é mais fácil entrar na indústria”, porque o sector não só cresceu, como se tornou mais inclusivo. Graças às redes sociais, as jovens modelos têm liberdade de “mostrar quem são e o que pensam” e não têm de ficar coladas à imagem de uma campanha ou de uma marca.
Essa abordagem inclusiva estende-se também à idade: “Há, sem dúvida, uma maior oportunidade de ter uma carreira longa agora. Acho que a moda aceitou e abriu as portas à diversidade”. Além disso, acredita, a moda não é apenas para “quem está na casa dos 20; é para alguém que está nos 30, 40, 50 ou 60”. Também a própria Alessandra Ambrósio beneficiou dessa mudança. É que, ainda que já não cruze tantas passerelles como antigamente, quando chegou a desfilar para casas de luxo como a Chanel, a Christian Dior ou a Prada, continua a dar cartas em campanhas de moda, como influencer e embaixadora de marcas, como é o caso da Omega.
“Sempre pensei que a minha carreira ia acabar cedo. Achava que seria curta e depois voltaria a estudar”, confessa. “Obviamente, não foi esse o caso e sou modelo há muito tempo. Cada trabalho que faço, aprendo mais sobre mim mesma”, declara. Sem fazer previsões sobre o futuro, Alessandra Ambrósio também não destaca momentos das mais de duas décadas de carreira, salientando que “não quer ficar presa ao passado”. “O que está a acontecer é agora e o agora é fantástico”, diz, em estilo de mantra.
Estar presente
A filosofia de vida do aqui e agora, conta, resulta de uma lição apreendida na maternidade — a supermodelo é mãe de Anja, 13 anos, e Noah, com dez, fruto do casamento com o empresário Jamie Mazur, de quem se separou em 2018. “Quero estar lá para os meus filhos, ouvi-los, ajudá-los no que for preciso”, defende, com orgulho. E, observa em jeito de brincadeira, para chegar a horas e estar lá precisa de um relógio.
A paixão pela relojoaria, reaviva, terá surgido graças à família: “O meu pai tinha um Omega que lhe foi dado pelo avô”. O primeiro relógio da modelo terá sido um “de plástico com pequenos morangos”, recorda, entre gargalhadas. Só mais tarde começou a interessar-se por relógios “a sério”, que encara, hoje, como mais do que uma forma de ver as horas — numa era do digital, são “um acessório” e algo que se usa “por prazer”.
Além disso, reflecte, são objectos “de uma vida” para passar de geração em geração. “[A relojoaria] é algo que se vai aprendendo, aprende-se a técnica e como funciona. É algo tão delicado, que demora muito tempo a montar. E se cuidarmos dura décadas”, observa a modelo. É esse ensinamento que quer passar aos filhos, que faz notar já se aventurarem a descobrir a colecção da mãe. “O meu filho já pergunta: ‘mãe, quando posso usar?’”, conta.
E os relógios favoritos da modelo espelham as diferentes facetas da sua personalidade: tanto prefere um relógio desportivo à prova de água para um dia na praia, como escolhe um modelo com diamantes para os momentos mais requintados. Se desenhasse um relógio não faltariam os diamantes, confessa, já que estes são “os melhores amigos da mulher”, mas também a pedra preciosa do seu mês de nascimento, Abril. “Seria só para dar sorte”, termina, com humor.
O PÚBLICO viajou a convite da Omega