Roubado canhão do reinado de D. João V da fortaleza de Valença

“Ao que tudo indica, o canhão foi arremessado muralha abaixo”, detalha a autarquia, “e novamente atirado para o fosso da fortaleza, onde terá sido recolhido e transportado”.

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Pereiras-bravas no topo do pano da muralha da Gaviarra, no interior da Fortaleza de Valença Nelson Garrido

Um canhão do reinado de D. João V, do século XVIII, pertencente ao Arsenal Real do Exército, foi roubado na madrugada de segunda-feira do baluarte do Socorro, junto à pousada de S. Teotónio, no interior da fortaleza de Valença.

Em comunicado enviado às redacções, a autarquia da segunda cidade do distrito de Viana do Castelo, adiantou “tratar-se de um magnífico exemplar de armamento bélico, que estava exposto no Baluarte do Socorro, no interior da Fortaleza de Valença”.

“Ao que tudo indica, o canhão foi arremessado muralha abaixo, para um patamar intermédio, e novamente atirado para o fosso da fortaleza, onde terá sido recolhido e transportado. Este é um roubo que abrange o património móvel nacional existente na fortaleza de Valença”, refere a nota.

A Câmara de Valença “participou a ocorrência à GNR sendo que foi accionada, de imediato, a Polícia Judiciária (PJ) que já esteve no local a recolher provas”.

O presidente da Câmara Municipal de Valença, José Manuel Carpinteira manifestou-se “profundamente revoltado e indignado com mais um situação de roubo e vandalismo na cidade, sendo que desta vez se trata de um elemento de incalculável valor histórico e patrimonial”. Os “restantes canhões, existentes na fortaleza foram retirados e guardados, para prevenir uma nova tentativa de furto”.

A fortaleza, o principal ex-líbris de Valença, é anualmente visitada por mais de dois milhões de pessoas. A fortaleza de Valença, monumento nacional, candidata a Património da Humanidade, assume particular importância pela dimensão, com uma extensão de muralha de 5,5 quilómetros, e pela história, tendo sido, ao longo dos seus cerca de 700 anos, a terceira mais importante de Portugal.

A fortaleza desempenhou um papel preponderante na defesa dos ataques de Espanha e chegou a receber cerca de 3500 homens, em dois regimentos do Exército. A presença militar só terminou em 1927, com a saída do último batalhão do Exército.

Em Dezembro de 2019, a Câmara de Valença, juntamente com os municípios de Almeida, Elvas e Marvão formalizaram, junto da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO), a candidatura conjunta das Fortalezas Abaluartadas da Raia a Património Mundial.

Lusa/fim