Israel pede à comunidade internacional que use “todos os meios” para impedir Irão nuclear

Primeiro-ministro Naftali Bennett diz que Israel prefere o “caminho diplomático” mas reserva-se o direito de agir contra Teerão se mais ninguém o fizer.

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Naftali Bennett, primeiro-ministro de Israel Reuters/POOL

O primeiro-ministro de Israel, Naftali Bennett, pediu esta sexta-feira à comunidade internacional que “utilize todos os meios” para impedir que o Irão adquira armas nucleares, aproveitando a visita ao país do director-geral da Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA), Rafael Grossi.

“Israel prefere o caminho diplomático para descartar qualquer possibilidade de o Irão desenvolver armas nucleares, mas mantém o seu direito de agir contra o Irão para se defender e deter o seu programa nuclear se a comunidade não o fizer dentro de um período de tempo adequado”, disse Bennett na sua conta no Twitter após a reunião.

O primeiro-ministro israelita reiterou “a profundidade do perigo do progresso contínuo do Irão na obtenção de armas nucleares” e apontou que Israel “nunca dependerá de outros”. As palavras de Bennett surgem dias depois de a Força Aérea de Israel ter levado a cabo manobras militares no Mar Mediterrâneo em que simulou o bombardeamento contra alvos nucleares em território iraniano.

Por sua parte, Grossi indicou que efectuou a visita “a convite de Israel” e adiantou que, no seu encontro com Grossi, falou sobre vários assuntos, sem dar mais detalhes. “Sublinhei a importância das salvaguardas da AIEA e do Tratado de Não-Proliferação Nuclear para a paz e a segurança globais”, disse, na sua conta no Twitter.

Bennett acusou na última terça-feira o Irão de ter roubado documentos confidenciais da AIEA e de ter usado essas informações “para contornar sistematicamente as investigações nucleares”. “Como sabemos? Porque obtivemos o plano de engano do Irão”, disse o chefe do Governo israelita, antes de acusar Teerão de mentir ao mundo.

As declarações de Bennett chegam cerca de uma semana depois de o jornal norte-americano Wall Street Journal ter revelado que os documentos iranianos roubados em 2018 pela Mossad incluíam documentos confidenciais da AIEA que teriam circulado entre 2004 e 2006 pela cúpula do Exército iraniano e pelo Governo de Teerão.

O Irão rejeitara na terça-feira as conclusões do último relatório da AIEA, que afirmava que Teerão “não esclareceu” a existência de material nuclear não declarado em três das suas instalações, durante as negociações em Viena para reactivar o acordo de 2015.

“O relatório não reflecte a verdade sobre as negociações entre o Irão e a agência”, disse o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros, Saeed Khatibzadeh, acrescentando que, após o acordo alcançado entre as partes no início deste ano, “o Irão forneceu à AIEA respostas por escrito às suas perguntas”.

Já nesta sexta-feira, o ministro dos Negócios Estrangeiros iraniano, Hossein Amir-Abdollahian, prometeu uma resposta “imediata” a qualquer acção “política” do Ocidente na próxima reunião da AIEA. Nesta quinta-feira, os Estados Unidos confirmaram que estão a preparar uma resolução com três países europeus (França, Alemanha e Reino Unido) para forçar Teerão a “cooperar plenamente” com a AIEA, uma iniciativa que foi rejeitada antecipadamente pelo Irão, que a considerou “não construtiva”.

“Qualquer acção política dos Estados Unidos e dos três países europeus dentro da AIEA sem dúvida provocará uma resposta proporcional, efectiva e imediata da República Islâmica do Irão”, disse Amir-Abdollahian, durante uma conversa telefónica com seu homólogo europeu, Josep Borrell, de acordo com um comunicado de imprensa oficial.

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