Houve militantes-fantasma a votar onde Montenegro ganhou com 100% dos votos
Uma notícia avançada pelo jornal Observador esta quarta-feira conta que em mais do que um concelho houve militantes-fantasma a votar em Luís Montenegro. O fenómeno não é inédito. Porém, uma das curiosidades apontadas é que em Castelo de Paiva todos os votos (incluindo de eleitores-fantasma) foram para Montenegro.
Castelo de Paiva foi um dos concelhos onde Luís Montenegro, o novo líder do PSD, obteve 100% dos votos contra zero de Jorge Moreira da Silva. No total de 108 eleitores inscritos, os 105 votos contados foram todos para Montenegro. Porém, segundo as contas do jornal Observador, pelo menos sete militantes do PSD não votaram e alguns não estavam sequer no concelho no dia da votação. Ou seja, houve votos-fantasma em Montenegro, conta o jornal num artigo publicado esta quarta-feira.
Ao Observador, uma das militantes contactadas justificou que “estava com covid” e que, por isso, não conseguiu deslocar-se à sede. Outros explicaram que estavam a trabalhar e que também não puseram o voto na urna. Destes quatro, o Observador confirmou o nome completo, número de militante e correspondência com o número de telemóvel entregue ao PSD — nenhum corresponde aos três que não foram registados no caderno eleitoral no dia da votação. Ou seja, alguém terá votado por estes quatro militantes. E há outro dado curioso. Normalmente cada mesa de voto tem um representante de cada lista. Porém, a candidatura de Jorge Moreira da Silva confirmou ao Observador que não conseguiu ter um delegado presente na concelhia em Castelo de Paiva. Logo, todas as pessoas que estavam na mesa eram apoiantes de Montenegro.
A cerca de 200 quilómetros daquele concelho do distrito de Aveiro, em Vimioso, já no distrito de Bragança, houve várias pessoas que tentaram votar sem cartão do cidadão, mas a representante de Jorge Moreira da Silva nesta mesa recusou. Muitos dos nomes que eram dados por esses militantes que queriam votar sem apresentar cartão de cidadão eram de emigrantes que se encontram em França a viver e que nem estariam no distrito de Bragança, conta o Observador. O caso ficou registado em acta.
Nesta secção, Luís Montenegro venceu com 93,90% dos votos, o que corresponde a 77 votos contra apenas 5 de Jorge Moreira da Silva. Foram considerados válidos 83 votos e não os 85 descarregados nas listagens, que incluíam os tais dois votos de militantes que não estiveram presentes.
Embora os casos relatos não ponham em causa os resultados eleitorais (Luís Montenegro venceu Jorge Moreira da Silva por uma diferença de 11.942 votos, uma “maioria expressiva”, resumiu o novo líder), os episódios revelam que continuam a existir várias falhas nos processos eleitorais internos partidários.