A selecção ucraniana ganhou por um país inteiro

Ucrânia continua na luta por um lugar no Mundial 2022 após triunfo convincente sobre a Escócia, em Glasgow. Segue-se o País de Gales, em Cardiff.

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A Ucrânia continua na luta por um lugar no Mundial Reuters/LEE SMITH

Todas as selecções nacionais em todos os desportos jogam por um país, em nome de uma identidade, e para passar uma mensagem. Nesta quarta-feira, em Glasgow, a selecção de futebol que representa a Ucrânia tinha coisas para dizer e para mostrar, a todos os ucranianos e ao resto do mundo, amigos e inimigos.

Que a Ucrânia faz parte do mundo e que quer estar no próximo Mundial por direito próprio. E foi assim, com um país às costas e o mundo inteiro a ver, que a selecção ucraniana bateu a Escócia, por 1-3, em Hampden Park, nas meias-finais do play-off de apuramento da última vaga europeia no Qatar. A decisão será no próximo domingo, em Cardiff, com o País de Gales, que é uma selecção com outros argumentos e rodagem competitiva.

Não foi apenas uma vitória, mas uma vitória muito convincente desta Ucrânia sobre uma Escócia que pouco mostrou para provar que merecia voltar a um Mundial (onde não marca presença desde 1998), a não ser nos últimos 20 minutos. Foi uma tremenda demonstração de superioridade e, em alguma medida, uma surpresa, tendo em conta que boa parte dos jogadores ucranianos não compete há vários meses. Mas estavam alimentados por um combustível emocional que fez deles gigantes em campo. E ajuda ter jogadores de classe mundial como Yarmolenko ou Zinchenko para conduzir a selecção neste penúltimo passo.

Nos primeiros minutos, só faltou outra qualidade na concretização à Ucrânia, pouco eficaz perante o competente guardião escocês Craig Gordon. A justiça chegaria aos 33’. Ruslan Malynovski, médio da Atalanta, encontrou Yarmolenko a fugir para a área e o capitão ucraniano fez um chapéu a Gordon. Um belo golo, festejado de forma efusiva por todos os que equipavam de amarelo em Hampden Park. Seria este golo a fazer a diferença ao intervalo. Parecia pouco para tanta Ucrânia e para tão pouca Escócia, que só criou perigo em lances de bola parada.

A segunda parte começou com o mesmo equilíbrio de forças. Muita Ucrânia, pouca Escócia. E o segundo golo surgiu com naturalidade, aos 49’. Yarmolenko teve espaço para manobrar junto à linha de fundo e conseguiu um passe atrasado para Karavayev. O lateral do Dínamo de Kiev arrancou um cruzamento na direcção de Roman Yaremchuck e o ponta-de-lança do Benfica cabeceou na direcção certa.

O jogo parecia mais do que decidido para a Ucrânia, mas a Escócia, depois de tanto tempo ausente do jogo, ainda tinha uma palavra a dizer. A pressão dos britânicos nos últimos 20 minutos deu resultado ao 79’. Depois de uma bola na área ganha por McTominay, McGregor deu continuidade à jogada de ataque e reduziu com um remate de longe e com muitas culpas para Bushchan, talvez o elo mais fraco desta selecção ucraniana - muitas foram as ocasiões ao longo do jogo em que o guardião do Dínamo se mostrou pouco seguro.

A Escócia tentou anular a desvantagem nos minutos finais, com muita gente no último terço do campo, e a Ucrânia tremeu. Mas, no tudo ou nada atacante, a selecção britânica deixou muito espaço junto à sua baliza e, já no último minuto, Dovbik, lançado por Zinchenko, correu sozinho com a bola e, ao enfrentar Gordon, não falhou, lançando todos os ucranianos em Glasgow, e não só, numa celebração colectiva. Uma trégua que o futebol ofereceu a um país que acorda todos os dias para lutar pela sobrevivência.

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