Rio defende no congresso do PPE reforma dos regimes democráticos para combater populismos

Para o presidente do PSD, a reforma das democraticas tem de passar pela justiça social, com particular destaque para a promoção da classe média. Rui Rio defendeu ainda a intervenção do Estado no mercado livre.

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Rui Rio mantém-se como presidente do PSD até ao início de Julho Nuno Ferreira Santos

O presidente do PSD defendeu esta terça-feira a reforma dos regimes democráticos como forma de combater populismos e autoritarismos e voltou a classificar a invasão da Ucrânia pela Rússia como “um ataque ao modo de vida” europeu.

Rui Rio discursou, em alemão, no congresso do Partido Popular Europeu (PPE), que decorre até quarta-feira em Roterdão (Holanda).

“Sabemos que o regime democrático tem muitos defeitos e muitas limitações, mas ele continua a ser o menos mau de tudo o que, até hoje, se conhece. A sua reforma é por isso da máxima importância, no sentido da sua adaptação aos nossos novos tempos”, afirmou, de acordo com o discurso em português disponibilizado à imprensa.

O presidente do PSD recordou que, em vésperas da entrada dos Estados Unidos da América na Primeira Guerra Mundial, o Presidente norte-americano Woodrow Wilson justificou a participação nesse conflito com a necessidade de tornar o “mundo seguro para a democracia”.

“Hoje, assistimos nos nossos países e no espaço europeu em geral a uma degradação do Estado de Direito Democrático, ao mesmo tempo que o populismo e o autoritarismo avançam em praticamente todos os Estados-Membros da União Europeia, bem como noutras democracias do mundo. Em paralelo, assistimos também a pressões externas de regimes autoritários, com particular destaque para a Federação Russa”, apontou.

“Actualmente, tal como no tempo do presidente Wilson, temos de tornar o mundo mais seguro para a democracia”, apelou.

Rui Rio considerou que a reforma dos regimes democráticos tem de traduzir-se “em resultados concretos em termos de justiça social, de modo a impedir que os mais frágeis sejam enganados por propostas políticas de perfil demagógico”.

“Quem é pobre não pode ser verdadeiramente livre. Por isso, a nossa principal arma é a promoção de uma classe média maior e mais robusta, em que as suas melhores munições são o progresso e a criação de riqueza com justa distribuição”, considerou.

Neste ponto, o presidente do PSD notou que, se a liberdade de mercado “é a bússola dos Estados mais ricos”, ela “tem de ser moderada pela mão visível do Estado”, sobretudo em áreas como a Saúde, a Educação ou a Segurança Social.

“No plano externo, a defesa da Democracia joga-se no quadro das Relações Internacionais. As democracias são regimes pacíficos. A sua contínua expansão é, assim, um instrumento crucial para a paz no mundo. Em sentido inverso, o avanço das potências autoritárias é hoje a maior ameaça à segurança e à ordem internacional”, apontou.

Por isso, referiu, “a invasão da Ucrânia por parte da Rússia constitui um ataque ao nosso modo de vida, que tanto nos custou alcançar, e de que nunca podemos abdicar”.

Rio comparou este conflito à Primeira Guerra Mundial, considerando que tal como em 1914, no centro da Europa “mulheres, homens e crianças inocentes temem pelas suas vidas e pela sua liberdade”.

“A causa de tal barbaridade é o imperialismo e o seu total divórcio dos valores e princípios humanistas que, a todos, nos devem unir”, defendeu.

Este será o último congresso do PPE em que Rui Rio participará, uma vez que deixará de ser presidente do PSD no próximo congresso do partido, no primeiro fim-de-semana de Julho, quando entrará em funções o vencedor das eleições directas de sábado, Luís Montenegro.