Cannes e a máscara mortuária
Desapareceu o “mapa das estrelas” que fazia brilhar Cannes: o autor como supernova. Mas estando todas as contradições e dificuldades em evidência, Cannes 2022 foi um bom festival. O melhor da competição dividiu-se entre um grupo sentimental e um grupo social.
1. A máscara mortuária da obra do canadiano David Cronenberg que é Crimes of the Future cumpriu, na competição da 75.ª edição de Cannes — talvez em todo o festival —, o seu propósito: serviu de souvenir. Também poderíamos extrair consequências poéticas do facto de o polaco Jerzy Skolimowski ter ido pregar aos burros — no pun intended — com Hi-Han. Mas contentemo-nos com Cronenberg e com este filme pelo qual ele interrompeu a reforma que lhe segredaram os encontros com a morte, de amigos e familiares, os seus 79 anos de idade e o facto de tudo ter mudado no mundo que antes se chamava “do cinema”. Formulação que o pudor, o risco de pretensão mas também condições objectivas do fabrico e distribuição das imagens aconselham a que seja usada apenas q.b.
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