Zelensky denuncia falta de unidade entre países ocidentais
Presidente ucraniano assumiu que o seu país precisa de uma Europa unida. “A nossa grande vantagem sobre a Rússia será quando estivermos verdadeiramente unidos”, disse.
O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, denunciou nesta quarta-feira a falta de unidade entre os países ocidentais quanto à guerra na Ucrânia, mais de três meses após o início da invasão russa.
“A minha pergunta é: existe unidade, na prática [no Ocidente] Não me parece”, lamentou, durante um discurso por videoconferência no fórum económico de Davos, na Suíça, em que sublinhou precisar “do apoio de uma Europa unida”.
“Existe unidade sobre a adesão da Suécia e da Finlândia à NATO? Não. Então o Ocidente está unido? Não”, acrescentou.
O presidente ucraniano disse ainda que o ponto forte da Ucrânia era “a unidade dentro do país, que agora depende da unidade do Ocidente, de ser forte e de apoiar firmemente a Ucrânia” contra a Rússia.
“A nossa grande vantagem sobre a Rússia será quando estivermos verdadeiramente unidos. Precisamos do apoio de uma Europa unida”, precisou, criticando, no entanto, a posição do homólogo húngaro, Viktor Orbán, relutante nesta fase em impor um embargo ao petróleo russo: “Algo não está certo com a Hungria”, afirmou.
Foco no Donbass
Na noite anterior à intervenção em Davos, Zelensky falou aos ucranianos para dizer que a Rússia está a utilizar tudo à sua disposição na batalha pela região Leste do Donbass. “Praticamente todo o poder do exército russo, o que quer que tenha sobrado, está a ser lançado na ofensiva. Liman, Popasna, Severodonetsk, Slaviansk: os ocupantes querem destruir tudo lá”, disse o chefe de Estado ucraniano.
O governador de Lugansk, Serhiy Haidai, também disse que a situação “está à beira de ser crítica” e que a região do Leste da Ucrânia “é agora como Mariupol”, cidade deixada em ruínas por ataques russos.
“Agora, para a região de Lugansk, é o momento mais difícil nos oito anos da guerra”, disse Haidai, na terça-feira, referindo-se ao início do conflito com os separatistas apoiados pela Rússia, em 2014. “Os russos estão a avançar em todas as direcções ao mesmo tempo, trouxeram um número absurdo de caças e equipamento.”
Haidai falou de “bombardeamentos cada vez mais intensos” e acrescentou que “o exército russo pretende destruir completamente Severodonetsk”, uma cidade estratégica no território separatista de Lugansk. “Severodonetsk está a ser destruída 24 horas por dia”, declarou o autarca regional.
“Estão a largar bombas dos aviões através de [sistemas de foguetes de lançamento múltiplo] Grad e Smerch e artilharia”, revelou em declarações a um canal de televisão ucraniano. Seis pessoas morreram e oito ficaram feridas, escreve a BBC.
Segundo Haidai, a situação na cidade está “muito difícil”, uma vez que as tropas russas conseguiram aproximar-se o suficiente para bombardear a zona com morteiros”. com Reuters