Na Casa dos Santos, as janelas são molduras para a paisagem da Serra da Freita

A obra desenhada por Ana de Bastos ergueu-se em Oliveira de Azeméis, por entre pinheiros e sobreiros, sem lhes roubar o lugar. Na casa, a protagonista é uma paisagem acessível de qualquer divisão.

Alexander Bogorodskiy
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Ainda no período de gestação da que viria a ser a Casa dos Santos, o cliente colocou apenas uma premissa para a construção da habitação: a importância da paisagem voltada para o vale de São João da Madeira e a Serra da Freita. A premissa fez-se promessa, e o resultado é uma casa de implantação linear na qual a paisagem assume um papel principal e é acessível de qualquer divisão da casa.

“É como se todos os compartimentos tivessem uma moldura, que é o caixilho de vidro, que emoldura a paisagem. Ela é um quadro em cada compartimento da habitação”, explica Ana de Bastos, a arquitecta responsável pelo projecto. Acrescenta ainda que a utilização de materiais como o travertino polido, nos interiores da habitação, acaba por, em certas alturas do dia, “reflectir a paisagem”.

Localizada em Oliveira de Azeméis, a casa começou a ser construída em 2019 e ficou concluída dois anos mais tarde, sempre com a preocupação de respeitar a vegetação residente. Ana de Bastos assegura: “Nenhuma das árvores que existiam no terreno foi retirada para a construção da edificação”.

A Casa dos Santos é composta por três quartos, um escritório, uma sala, uma cozinha, casa de banho, uma garagem e um pátio. Nos quartos, optou-se pela utilização de pinho nacional para assegurar o aquecimento. Num dos lados da habitação, todas as divisões oferecem passagem para o pátio. A poente, minimizaram-se as aberturas e instalaram-se janelas fixas que permitem “a iluminação natural dos espaços de circulação”.

Em termos arquitectónicos, o desenho ficou marcado pelo esforço em inserir a casa no contexto envolvente sem “criar ruptura com as construções que existem à volta”. Para tal, optou-se por uma cobertura inclinada com revestimento a telha de barro. “Por norma, o uso da cobertura inclinada está mais associado à arquitectura tradicional”, contou a arquitecta. No entanto, assegura que a contemporaneidade não foi deixada de lado: “[Fez-se] uso da cobertura inclinada para criar alguma dinâmica com a cobertura plana da garagem. Mesmo usando uma cobertura inclinada com telha, podemos conferir um carácter completamente contemporâneo”.

Sobre o que inspirou a construção do edifício, Ana de Bastos não tem dúvidas: “É sempre o lugar. O lugar, a paisagem envolvente, as construções que existem em volta, a vegetação, que [neste caso] são pinheiros de grande porte e elementos caracterizadores da casa. E o cliente, como é evidente (risos)”.

Texto editado por Amanda Ribeiro

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