Uma questão de tempo, ou as tentações de Mefistófeles no São Carlos

O Faust de Gounod agora levado à cena em Lisboa levanta o problema da actualidade do repertório operático mais tradicional e repetido. Vale a pena? Vale, porque há excelentes cantores e pode haver boas ideias cénicas. Não vale, porque há coisas que não se podem resgatar.

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Rubén Amoretti compôs um Mefistófeles entre Joker e Mandrake, Mario Bahg é um impecável Fausto António Pedro Ferreira/Teatro Nacional de São Carlos

Começa bem este Faust de Charles Gounod agora em cena no Teatro Nacional de São Carlos, com uma criada a dar banho a um velho homem ainda durante a abertura sinfónica. Sabemos que é o doutor Fausto. E a criada, quem será? Um enorme pêndulo balança no centro do palco. Ora aí está: é uma questão de tempo. Tempo da vida, que não coincide com o tempo dos relógios.

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