Ex-chanceler alemão Schröder abandona petrolífera estatal russa
Rosneft diz que o antigo chefe do Governo alemão informou a empresa de que era “impossível” manter o cargo. Anúncio surge um dia depois de o Parlamento Europeu ter pedido alargamento das sanções a personalidades políticas europeias pagas para promover os interesses da Rússia.
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A petrolífera estatal russa Rosneft anunciou esta sexta-feira que Gerhard Schröder, antigo chanceler da Alemanha (1998-2005), abandonou o cargo que ocupava na empresa, depois de ter informado o conselho de administração que era “impossível” continuar em funções. Matthias Warnig, empresário alemão, seguiu o mesmo caminho.
“Fomos compreensivos com a decisão que tomaram e agradecemos-lhes o apoio constante”, informou a Rosneft, num comunicado citado pela Reuters.
O anúncio da petrolífera russa surge um dia depois de o Parlamento Europeu ter aprovado uma resolução que, entre outras medidas, pede aos Estados-membros da União Europeia para alargarem as sanções económicas adoptadas no âmbito da resposta à invasão russa da Ucrânia a personalidades políticas europeias que estão a ser pagas para promover os interesses da Rússia.
Um texto referia especificamente o caso de Schröder e da antiga ministra dos Negócios Estrangeiros da Áustria, Karin Kneissl.
Apesar das críticas de que foi alvo, principalmente na Alemanha, o ex-chanceler, do Partido Social Democrata (SPD), disse recentemente que não via qualquer problema em manter os cargos nas empresas e projectos de energia russos ou em ter uma amizade pessoal com o Presidente da Federação Russa, Vladimir Putin.
Numa entrevista recente ao New York Times, Schröder garantiu que “serviu sempre os interesses alemães” e lembrou que a Alemanha lucrou bastante com os projectos energéticos em que esteve envolvido, nomeadamente o gasoduto Nord Stream 1 – o Nord Stream 2, cujo consórcio era presidido pelo ex-político alemão, foi suspenso por causa da invasão da Ucrânia.
Nessa entrevista ao jornal norte-americano, Schröder afirmou ainda que não acredita que massacres de civis ucranianos, como o que teve lugar em Bucha, nos arredores de Kiev, tenham sido resultado de “uma ordem de Putin”.
A recusa em distanciar-se do chefe de Estado russo também levou à perda do gabinete e da equipa que tinha à sua disposição no Parlamento alemão, em Berlim, um dos privilégios, financiados por dinheiros públicos, a que tinha direito por ter exercido o cargo de chefe do Governo do país.