Projecto de produção de vacinas em Cantanhede submetido à segunda fase do PRR
O desenvolvimento da vacina e de novos produtos representa metade do valor da candidatura, sendo que a outra metade se destina à construção da unidade de produção de vacinas e biológicos.
O projecto de produção de vacinas e produtos biológicos da empresa biotecnológica Immunethep, no valor de 65,5 milhões de euros, foi submetido à segunda fase do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR). “Na primeira fase concorreram 140 consórcios e metade foram escolhidos para concorrer a uma segunda fase”, explicou à Lusa Bruno Santos, co-fundador e director executivo da Immunethep, sediada em Cantanhede.
A empresa lidera o consórcio PORVACC, que integra a Universidade de Aveiro, a PNUVAX PT e o Instituto de Investigação e Inovação em Saúde (I3S), responsável pela apresentação do projecto que visa capacitar o país no desenvolvimento e produção de vacinas e produtos biológicos. No âmbito do projecto, a Immunethep pretende concluir o processo de aprovação de uma vacina portuguesa contra o vírus SARS-CoV-2, responsável pela pandemia da covid-19, promovendo a realização dos ensaios clínicos de Fase I e II.
Segundo Bruno Santos, o desenvolvimento da vacina e de novos produtos representa metade do valor da candidatura, sendo que a outra metade se destina à construção da unidade de produção de vacinas e biológicos. “Para a vacina necessitamos de cerca de 20 milhões de euros e mais 10 milhões para a criação do centro de desenvolvimento de novos produtos”, disse o director-executivo, que se mostrou convicto na aprovação da candidatura.
A vacina desenvolvida pela Immunethep tem a particularidade de ser administrada por inalação, cujos ensaios não clínicos demonstraram uma elevada segurança e eficácia, e “as características ideais”, de acordo com Bruno Santos, para impedir a replicação das infecções e “controlar melhor este convívio que se vai ter com o vírus no futuro”.
“Queremos capacitar o país não só para futuras pandemias como dotá-lo de capacidade para produzir as vacinas actualmente em comercialização, que são totalmente importadas, o que permitiria ao país tornar-se menos dependente do estrangeiro”, acrescentou o director-executivo. Depois de aprovado o financiamento, decisão que deverá ser conhecida no final de Junho, a biotecnológica de Cantanhede adianta que “dentro de ano e meio a dois anos poderá ter a vacina no mercado, adaptada às estirpes que estiverem em circulação”.
A construção da unidade de produção de vacinas e biológicos não servirá apenas para a vacina contra a covid-19, mas também para “a produção de outras vacinas e biológicos, como as vacinas do HPV, Hepatite A e B, Poliomielite, Rotavírus, entre outras”, disse Bruno Santos. O consórcio PORVACC estima que, nos próximos cinco anos, possa criar cerca de 250 postos de trabalho, directos e indirectos, altamente qualificados no sector da biotecnologia em Portugal.