Uma vacina portuguesa contra a covid-19? Empresa inicia testes já em Outubro

Objectivo da vacina é prevenir a doença e evitar a transmissão de humano para humano, mas também, “através do tratamento pelos anticorpos monoclonais”, atenuar os sintomas de pacientes já infectados.

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Reuters/Dado Ruvic

Uma empresa de biotecnologia com sede no Parque Tecnológico de Cantanhede vai iniciar em Outubro testes em ratinhos para desenvolver uma vacina para a covid-19, disse esta quarta-feira à agência Lusa o CEO da Immunethep, Bruno Santos.

De acordo com o responsável da empresa, dentro de dois a três meses deverão existir “resultados que permitam iniciar testes em humanos”.

A empresa tinha já trabalho desenvolvido com outra vacina, no sentido de prevenir infecções bacterianas, que muitas vezes são a causa de morte de doentes internados, inclusive de pessoas infectadas com covid-19.

Em declarações à Lusa, o responsável pela empresa afirmou que a partir daí decidiram avançar para “o desenvolvimento de uma vacina específica para a covid-19”.

A formulação encontrada vai começar a ser testada em ratinhos no próximo mês (Outubro) e a produção da vacina, caso seja aprovada, será feita com uma empresa no Canadá com a qual a biotecnológica portuguesa já trabalha para a outra vacina na área bacteriana.

A base para a concepção desta vacina parte de vírus inactivados, explicou.

Em comunicado, a empresa anunciou que o seu principal produto é uma vacina antibacteriana de largo espectro que está “pronta para entrar em ensaios clínicos” e que, com a pandemia de covid-19, decidiu colocar as capacidades e conhecimento adquirido no desenvolvimento de “novas soluções” que possam ajudar a parar a doença e as suas consequências.

“O conhecimento gerado no processo de desenvolvimento de vacinas permitiu-nos avançar rapidamente para ensaios de desenvolvimento de uma vacina para a covid-19. Esta vacina foi desenhada para potenciar a resposta imune ao vírus nos pulmões e tem uma dupla função: induzir a produção de anticorpos específicos para neutralizar o SARS-Cov-2 e aumentar a nossa capacidade natural de combater infecções virais”, lê-se no documento emitido pela empresa.

“Publicações recentes demonstram que pelo menos 50% dos casos fatais associados a infecções por SARS-CoV-2 são devido a infecções oportunistas causadas por bactérias multirresistentes. Considerando que a vacinação destes pacientes para SARS CoV-2 não geraria uma resposta em tempo útil, a Immunethep está a desenvolver uma terapia utilizando anticorpos monoclonais para tratar este tipo de infecções bacterianas oportunistas”, acrescentam os autores do trabalho.

O objectivo é, através da vacinação, prevenir a doença e evitar a transmissão de humano para humano e, por outro lado, “através do tratamento pelos anticorpos monoclonais”, atenuar os sintomas de pacientes já infectados, “reduzindo significativamente” o número de casos fatais dentro dos pacientes com covid-19.