Há 165 surtos de covid-19 em lares de idosos. O principal problema são os trabalhadores infectados, diz Manuel Lemos

Presidente da União das Misericórdias quer que os funcionários dos lares sejam vacinados já com a quarta dose. A situação está “relativamente calma” entre os residentes mas “as pessoas precisam de quem cuide delas”, sublinha.

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Paulo Pimenta

Os surtos de covid-19 voltaram a aparecer nos lares de idosos, um reflexo da elevada incidência em Portugal. Na terça-feira havia 165 surtos em estruturas residenciais para idosos com “3419 casos de covid-19” reportados, adianta a Direcção-Geral da Saúde (DGS), que fez questão de contextualizar a situação, recordando que, em Fevereiro de 2021, Portugal chegou a ter em simultâneo 405 surtos activos em lares, “correspondendo a cerca de 12 mil infectados”. Em Portugal há cerca de 2500 lares de idosos com mais de 100 mil residentes.

“A diminuição muito acentuada neste contexto demonstra a importância que a vacinação tem tido no controlo da pandemia e na protecção da população mais vulnerável, igualmente visível na significativa redução dos internamentos e dos óbitos por covid-19 registados actualmente”, sublinha a DGS em resposta ao PÚBLICO, sem especificar quantas mortes resultaram dos actuais surtos.

O reaparecimento de surtos está a preocupar o presidente da União das Misericórdias Portuguesas (UMP), Manuel Lemos, não tanto pelo repercussão nos residentes – “a situação está relativamente calma, esta variante não é muito agressiva e a vacinação com a quarta dose da vacina contra a covid-19 já arrancou”, frisa -, mas sobretudo pelo impacto que já se sente no absentismo dos trabalhadores infectados, que “têm que ficar em casa durante sete dias”. “Há alguns infectados, o número muda de dia para dia. A situação não está péssima, mas começa a ficar complicada. Ainda não é de risco mas pode ficar de risco em algumas misericórdias. As pessoas precisam de quem cuide delas”, nota.

Manuel Lemos revela, aliás, que já pediu à ministra da Solidariedade e Segurança Social que convencesse os responsáveis da DGS a incluir os trabalhadores dos lares de idosos na lista das pessoas a vacinar já com a quarta dose.

Assumindo que está um pouco preocupado, apesar de ainda não ter conhecimento de que haja para já grande repercussão desta sexta vaga de covid-19 nas instituições privadas, o presidente da Associação de Apoio Domiciliário, de Lares e Casas de Repouso de Idosos, João Ferreira de Almeida, nota que o número de surtos agora divulgado pela DGS é elevado quando “comparado com a situação” vivida no final de 2021 e início deste ano, altura em que rondavam a meia centena. Mas acentua igualmente que “a larguíssima maioria das pessoas afectadas são assintomáticas ou têm sintomas ligeiros”.

Até esta quinta-feira, já tinham sido vacinadas 12.600 pessoas nas estruturas residenciais para idosos, revelou, entretanto, à Lusa o secretário de Estado Adjunto da Saúde, António Lacerda Sales, prometendo um “acelerar” deste processo. Sobre se o processo de vacinação poderá incluir em breve os profissionais de saúde Lacerda Sales admitiu essa possibilidade, mas “só depois do Verão”.

“Relembro que estamos com 1500 casos a sete dias por 100 mil habitantes e 1.2 de índice de transmissibilidade, mas que teve um não muito expressivo impacto sobre os serviços de saúde, nomeadamente sobre os internamentos convencionais e sobre os internamentos em unidades de cuidados intensivos”, justificou.

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