A missão de Tom Cruise: tornar-se possível
Tom Cruise volta a Top Gun, 36 anos depois de um dos filmes que mais fizeram pelo seu estrelato. Muito mudou entretanto, no mundo, no cinema, e na vida e obra do próprio Cruise. A idade, por exemplo: está perto de se tornar sexagenário. Mas, paradoxalmente, nunca foi tão “herói de acção” como hoje. Nem tão “autor” dos seus filmes, cujo principal tema é cada vez mais a sua própria figura, agora que o envelhecimento espreita.
Entre as estreias de um Top Gun e de outro vão 36 anos. Em 1986, Tom Cruise tinha 24 anos, em 2022 está à beira dos 60 (completa-os no princípio de Julho). Imagine-se, por exemplo, que John Wayne protagonizava uma sequela do Stagecoach (A Cavalgada Heróica, de John Ford) em 1975, 36 anos depois do filme original, e tente-se imaginar que esse filme (que de certa forma existiu um ano mais tarde: O Atirador, de Don Siegel) podia ser sobre alguma outra coisa que não o envelhecimento do seu protagonista (é óbvio que não podia: o envelhecimento de Wayne é o real tema do filme de Siegel). Top Gun: Maverick ainda pode não ser um filme sobre o envelhecimento de Tom Cruise, e apenas fingir sê-lo durante uma boa parte do tempo para depois o negar, mas é possivelmente o primeiro filme de Cruise (“de Cruise” ou “com Cruise”: nos últimos anos a distinção tornou-se quase inútil) a sugerir e apontar esse “problema cinematográfico” que é um dos pontos de interesse da próxima década: Tom Cruise está a envelhecer, o que é que isso quer dizer, e como é que vai acontecer?
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