Regresso ao futuro (num F-14)
Maverick é uma vénia, cheia de bonomia, à nostalgia do original dos anos 80.
Os sinais de que Tom Cruise “manda” em todos os filmes que faz ultimamente, e de que, portanto, se tornou no seu próprio “autor”, são múltiplos. Podem passar pela presença regular do seu colaborador Christopher McQuarrie, realizador de várias Missão: Impossível e do primeiro Jack Reacher, que aqui voltamos a encontrar nos créditos de argumento. Mas passam, sobretudo, pela forma como o princípio funcional dos filmes se equivale. A lógica de “acção” de Top Gun: Maverick não é distinta das desses franchises – é, sim, mais concentrada: no fundo, só há uma real cena de acção no filme, a do seu clímax, a investida da esquadrilha contra as instalações onde um nunca nomeado “estado pária” está a enriquecer urânio ou coisa que o valha, algo que ameaça os aliados dos EUA na região (que também nunca se sabe que região é). Mas até lá se chegar o filme repete insistentemente os ensaios e os testes, as reproduções simuladas do ataque (porque o treino dos aviadores é o principal suporte da sua narrativa), de maneira que, quando tudo se passa a sério, o espectador sabe exactamente o que deve acontecer, e como deve acontecer, para que as coisas corram a contento.
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