Venda de Colecção Macklowe em Nova Iorque bate recorde de leilões de arte

Sotheby’s somou 922,2 milhões de dólares no total das duas partes da venda das obras reunidas pelo casal Harry e Linda Macklowe, cujo divórcio aconteceu em 2018.

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"Seestück", de Gerhard Richter, foi vendido por 30,2 milhões de dólares cortesia sotheby's

Foi “a mais valiosa colecção de arte jamais vendida em leilão”, reclamou a Sotheby’s esta segunda-feira, no final da segunda parte da venda da Colecção Macklowe, realizada em Nova Iorque.

Ao todo, a leiloeira que desde 2019 pertence ao magnate franco-israelita de telecomunicações Patrick Drahi somou 922,2 milhões de dólares (cerca de 884,86 milhões de euros, acrescidos das taxas), resultantes da venda de 65 obras, noticia a AFP. A sessão, que abriu a segunda semana de um leilão dedicado pela Sotheby’s à arte moderna e contemporânea, concluiu com êxito total a venda pública da colecção reunida ao longo de anos pelo casal Harry e Linda Macklowe. O promotor imobiliário bilionário e a coleccionadora e administradora honorária do Metropolitan Museum (Met) de Nova Iorque separaram-se em 2018, após mais de meio século de vida em comum: um “divórcio amargo”, como lhe chamou o New York Times, que levou mesmo o Tribunal de Nova Iorque a determinar a venda da colecção de ambos em leilão.

A primeira parte do leilão concretizou-se em Novembro do ano passado, já com um resultado extraordinário: as 35 obras que formaram o primeiro lote reunido pelo Sotheby’s renderam, também numa só noite, 676,1 milhões de dólares (648,7 milhões de euros); esta segunda-feira, em apenas 90 minutos, as 30 obras restantes valeram 246,1 milhões de dólares (236,1 milhões de euros), cerca de 50% acima dos 168 milhões inicialmente estimados, nota o NYT.

Nesta segunda jornada, as obras que mais sobressaíram foram a pintura Untitled, de Mark Rothko (48 milhões de dólares); Seestück, de Gerhard Richter (30,2 milhões de dólares) e um Auto-retrato de Andy Warhol (18,7 milhões de dólares).

Rothko fora já o artista mais valioso na venda de Novembro, com a sua pintura minimalista N.º 7 a render 82,4 milhões de dólares, numa sessão em que a escultura O Nariz (1974), de Alberto Giacometti, rendeu 78,4 milhões; a pintura Number 17 (1951), de Jackson Pollock, valeu 61,1 milhões; Nine Marilyns (1962), de Andy Warhol, 47,3 milhões; e Untitled XXXIII (1977), de Willem de Kooning, 24,3 milhões de dólares.

Com este leilão em duas partes, realça ainda o NYT, a Sotheby’s eclipsou os 835,1 milhões de dólares (801,2 milhões de euros) resultantes da venda, na Primavera de 2018, pela Christie’s, também em Nova Iorque, da Colecção Peggy e David Rockefeller, para fins de beneficência. Mas também é verdade que esta casa surpreendeu o mercado da arte há apenas uma semana, com a venda recorde de Shot Sage Blue Marilyn, uma das pinturas icónicas de Andy Warhol, por 195 milhões de dólares (185 milhões de euros), o que a tornou na mais cara obra de arte do século XX a ser vendida em leilão.

Ou seja, uma semana de resultados que não podem deixar de ser também lidos no contexto da instável situação económica mundial decorrente da Guerra na Ucrânia. Será que “a arte é um dos poucos activos que parecem ter uma boa protecção imunológica contra a recessão”, ou será a inflação “muito mais forte do que pensamos”, comentou para o NYT Loic Gouzer, um ex-especialista da Christie’s.

A continuação, esta semana, do leilão de arte moderna e contemporânea da Sotheby’s e o facto de a leiloeira Phillips ter anunciada para esta quarta-feira a venda de uma pintura Sem título (1982), de Jean-Michel Basquiat, estimada em 70 milhões de dólares, poderão trazer mais dados para esta equação.

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