CDU e SPD taco a taco no estado mais populoso da Alemanha

Eleições na Renânia do Norte-Vestefália deste domingo seguem-se a duas outras eleições locais, decididas pela popularidade das candidaturas dos vencedores, uma do SPD (Sarre) e outra da CDU (Schleswig-Holstein).

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Thomas Kutschaty, candidato do SPD na Renânia do Norte-Vestefália, em campanha com o chanceler Olaf Scholz EPA/SASCHA STEINBACH

Os dois principais partidos da Alemanha – a União Democrata-Cristã (CDU) e o Partido Social Democrata (SPD) – estavam muito próximos nas últimas sondagens antes das eleições na Renânia do Norte-Vestefália que se realizam este domingo.

O estado é o mais populoso da Alemanha (com cerca de 18 milhões de habitantes num país de cerca de 80 milhões) e as sondagens davam apenas dois pontos percentuais de diferença entre o chefe do governo Hendrik Wüst (CDU), que sucedeu a Armin Laschet, o candidato a chanceler que levou o partido a um resultado historicamente baixo nas legislativas de Setembro de 2021, e o seu rival Thomas Kutschaty (SPD), deixando possíveis alternativas à actual coligação entre a CDU e o Partido Liberal-Democrata (FDP).

As sondagens parecem indicar que seria possível uma coligação entre SPD e Verdes, uma “coligação semáforo” como a nível nacional (SPD, Verdes e FDP), ou ainda uma coligação CDU-Verdes.

Os Verdes neste estado são, aponta o professor de ciência política Heinz Brandenburg, da Universidade de Strathclyde em Glasgow, mais à esquerda do que noutros, tornando mais provável uma preferência pelo SPD.

O partido de esquerda radical (A Esquerda) deverá ficar fora do parlamento – como em outros estados da Alemanha Ocidental, nota ainda Brandenburg. O partido radical AfD (Alternativa para a Alemanha) parece estar acima da barreira de 5% necessária para ter representação parlamentar.

As eleições mais recentes, em Schleswig-Holstein, na semana passada, tiveram ainda um resultado inesperado: a AfD não conseguiu entrar no parlamento, ficando a pouco do mínimo necessário. O partido, que a partir de 2015 foi ganhando representação em todos os 16 estados, falhou a reeleição e está agora presente em 15.

O analista político da Universidade de Mainz especialista em extrema-direita, Kai Arzheimer, nota que o candidato da CDU em Schleswig-Holstein, Daniel Günter, é bastante progressista. O professor de ciência política Tarik Abou-Chadi, da Universidade de Oxford, diz mesmo que a CDU neste estado será mesmo a mais liberal em todo o país.

O chefe da CDU, Friedrich Merz, quis levar o partido mais para a direita com ideia de tirar votos à AfD – uma manobra que muitos especialistas em ciência política dizem ter pouca margem para sucesso. O resultado da CDU e da AfD em Schleswig-Holstein é mais um argumento a favor da ideia de que ter uma CDU mais ao centro não ajuda em nada a direita radical.

Quase em uníssono, a maioria dos cientistas políticos avisaram ainda contra a tentação de ver reflectidos na eleição os problemas do SPD a nível nacional por causa da sua posição em relação à Ucrânia – a política de cooperação económica, que levou à dependência energética, faz parte do ADN ideológico do partido, e por isso também continua a haver uma divisão sobre o que fazer em relação à Rússia.

Se o SPD teve uma perda acentuada na semana passada em Schleswig-Holstein, nas eleições anteriores, no final de Março, no Sarre, acabara de ter uma maioria absoluta. Aliás, essas duas votações foram muito marcadas pela popularidade dos vencedores –a vice-chefe de governo Anke Rehlinger (Sarre) e, na semana passada, Daniel Günther, o chefe do executivo do estado federado de Schleswig-Holstein.

Apesar, no entanto, de estas eleições serem marcadas pelas figuras e questões locais, Brandeburg aponta uma tendência em todas elas que se confirma nas sondagens a nível nacional: os Verdes são o único partido do actual Governo que tem subido consistentemente desde as eleições de Setembro passado, a que não é alheia a posição firme sobre a Rússia.

Já na campanha os seus co-líderes, Annalena Baerbock, agora ministra dos Negócios Estrangeiros, e Robert Habeck, ministro da Economia e que também detém a pasta do clima, se manifestavam contra o gasoduto Nord Stream 2, quer por razões ambientais, quer pela dependência energética de um país que não respeita os direitos humanos.

Habeck e Baerbock são actualmente os dois políticos mais populares do país, segundo o barómetro político da televisão pública ZDF. A sua acção em especial em relação à guerra na Ucrânia merece avaliação positiva da maioria dos inquiridos.

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