Uma casa de betão que envelhece com quem lá mora

©Diana Quintela
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“Mais do que funcionalista”, a casa Untitled, do atelier JQTS, traz à vida os conceitos de flexibilização e diversidade implementados dentro dos ambientes residenciais. “O projecto é essa grande estrutura [de betão armado], que permite uma flexibilização nos usos, nas apropriações do espaço”, explica o arquitecto João Quintela.

Construída em Cascais, a moradia unifamiliar de um único piso tem dois quartos, sala e cozinha. Mas com espaços pouco definidos, a casa pode ser o que quiser. É sustentada por oito pilares exteriores e um interior — que demarca “a entrada na casa e propõe uma distinção entre espaços privados e zonas comuns”. No tecto, a laje nervurada cumpre um papel tanto estrutural, quanto funcional.

Apesar de encontrar inspiração nas grandes estruturas da arquitectura brasileira e na Fundação Calouste Gulbenkian, o espaço dispensa modismos. “O que nos interessa é pensar numa casa que tenha uma ideia de permanência. A casa é construída agora, mas daqui a dez ou 30 anos continua a fazer sentido. Não está pensada no sentido de uma moda.”

É por isso que os materiais usados na execução do projecto assumem as condições naturais, como é o caso do betão e da madeira. “As coisas são o que são”, diz. “A imediatez dos materiais permite uma identificação entre a pessoa comum e o espaço.” Isto porque o estado orgânico do produto permite o seu envelhecimento e cria uma conexão entre a passagem pelo tempo dos habitantes e do espaço. “O mesmo não acontece quando temos uma casa branca, perfeita e imaculada que não envelhece nunca. Isso cria um antagonismo entre o espectador que vê o espaço imutável e ao mesmo tempo vê a sua própria condição, enquanto pessoa, ir envelhecendo”.

Texto editado por Renata Monteiro

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