Coreia do Sul quer tirar um ano de idade a cada cidadão

O actual método da “idade coreana” estabelece que os recém-nascidos têm um ano logo à nascença e toda a população fica mais velha no dia de Ano Novo.

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O novo Presidente da Coreia do Sul, Yoon Seok-yeol, quer avançar já com a medida Reuters/Pool

A Coreia do Sul tem desde esta terça-feira um novo Presidente. Yoon Seok-yeol​ tomou posse e uma das medidas que quer abordar já é a alteração do sistema de contagem de idade em vigor, o que retirará um ano de idade a todos os cidadãos sul-coreanos.

Para além de um “plano ousado” para melhorar a economia da vizinha Coreia do Norte em troca da desnuclearização, o sucessor de Moo Jae-in quer acabar com a “idade coreana”: um recém-nascido na Coreia do Sul tem logo um ano e o “aniversário” não é na data do nascimento – todos os cidadãos ficam mais velhos no dia de Ano Novo.

Este método da “idade coreana” cria problemas, a começar pela idade de quem nasce em Dezembro: um bebé nascido no último mês do calendário fica com dois anos quando tem, na realidade, apenas algumas semanas. Um exemplo: uma criança nascida a 5 de Janeiro de 2022 e outra nascida a 28 de Dezembro do mesmo ano ficam com a mesma idade a 1 de Janeiro de 2023, de acordo com o método sul-coreano actual.

Yoon Seok-yeol​ pretende descontinuar a “idade coreana” e alinhar a Coreia do Sul com o resto do mundo. Segundo Lee Yong-ho, chefe da comissão de transição do presidente, a nova liderança do país quer fazê-lo o mais depressa possível. Os diferentes métodos de cálculo da idade resultam em “confusão persistente” e “custos sociais e económicos desnecessários”.

Para além de problemas menores, como o “sentimento de ridicularização internacional sentido pelas gerações mais novas”, referido à BBC por Kim Eun-ju, professor de Direito e Política na Universidade de Hansung, em Seul, há impactos reais na vida dos sul-coreanos.

Durante a pandemia, a pressão para regular a idade aumentou depois de as autoridades terem alternado entre a idade internacional e a idade coreana para definir a elegibilidade para a vacinação e o acesso a locais mediante inoculação – algumas pessoas não puderam tomar dose de reforço por não terem a idade internacional necessária, mas necessitavam de mostrar comprovativo de vacinação de acordo com a “idade coreana”.

Já havia discussões à volta do assunto antes do aparecimento do novo coronavírus. Há relatos de pais que tentaram retardar o registo de filhos nascidos em Dezembro por considerarem que isso constituiria uma desvantagem no percurso escolar e, consequentemente, ao longo da vida.

Lee Yong-ho referiu também um caso que chegou ao Supremo Tribunal da Coreia do Sul por causa de confusões à volta da definição da idade para subida de salários e reformas.

O método da “idade coreana” foi usado por diversos países asiáticos no passado, entre os quais a China e o Japão, mas foi sendo abandonado ao longo das décadas. Actualmente, a Coreia do Sul é o único país que ainda segue este sistema, que se acredita vir da crença de que o tempo de gravidez conta como o primeiro ano de vida do recém-nascido.

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