Exposição antológica de Julião Sarmento em 121 obras

Abstracto, Branco, Tóxico e Volátil, antológica de um dos mais internacionais artistas portugueses, inaugura esta quarta-feira no Museu Colecção Berardo, em Lisboa.

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O artista plástico na inauguração da 3.ª edição da ArcoLisboa, na Cordoaria Nacional (2018). Julião Sarmento morreu em 2021 NUNO FERREIRA SANTOS

As 121 obras da exposição antológica dedicada à obra de Julião Sarmento (1948-2021), a inaugurar nesta quarta-feira no Museu Colecção Berardo, em Lisboa, revelam as referências pessoais, as imagens enigmáticas e a forma como explorava “os territórios da sedução” deste autor de uma obra extensa que se desdobrou pela pintura, o desenho, os múltiplos, a escultura, o site specific, a fotografia, o filme, o vídeo e a performance. A exposição foi ainda desenhada pelo próprio e em colaboração com a curadora Catherine David.

“Foi um projecto pelo qual o artista lutou e no qual se empenhou de forma extraordinária”, sublinhou esta terça-feira a directora do Museu Berardo, Rita Lougares, durante a visita de imprensa, visivelmente comovida, tal como a curadora.

Tanto a selecção como a disposição das obras na exposição foram finalizadas dois meses antes da morte de Julião Sarmento, um dos mais notáveis e internacionais artistas portugueses. Abstracto, Branco, Tóxico e Volátil foi o título escolhido para a mostra, retirado de uma das obras expostas, de 1997, por, segundo a directora do museu, resumir a obra do artista. O quadro, de grandes dimensões - suspenso na maior das 18 salas da exposição -, foi cedido pelo Museu Extremenho e Iberoamericano de Arte Contemporânea de Badajoz, em Espanha. Rita Lougares explicitou a escolha do título: "Abstracto porque a obra de Julião Sarmento dá muitas possibilidades de leituras, Branco porque a cor vai desaparecendo à medida que o percurso artístico evolui, Tóxico porque há sempre um lado perverso nas suas obras e Volátil porque tem a ver com o efémero”, acrescentando que a carreira de Sarmento demonstra “uma enorme riqueza, coerência e intensidade”.

Catherine David, por seu turno, fez questão de sublinhar que a exposição “não é uma retrospectiva, mas uma ‘retroperspectiva’ do artista sobre a sua própria obra, que continua muito viva”.

Julião Sarmento marcou a sua obra com múltiplas referências da própria vida, influências da História da Arte, pela cultura anglo-saxónica e pelos temas e imagens da literatura e do cinema. Essas referências são visíveis em todas as suas obras, desde La Chambre (1979), Lick My Breasts (2005), Plateau (1992), Fifth Easy Piece (2015), Noites Brancas (1982), Mentiras e Doces (1997), Catedral (1982), Sofrimento, Desespero e Ascese (1997), dispostas não cronologicamente, mas por salas temáticas, num total de 18 no museu. A exposição irá ficar patente até 1 de Janeiro de 2023.