Zelensky alerta para o ressurgimento do “monstro” do nazismo com a invasão russa
“Vamos superar o Inverno, que começou a 24 de Fevereiro, que dura a 8 de Maio, mas que definitivamente terminará, derretido pelo sol ucraniano!”, afirmou o Presidente da Ucrânia num discurso de comemoração do Dia da Memória e da Reconciliação.
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O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, afirmou que a invasão russa na Ucrânia representa o ressurgimento do “monstro” do nazismo, cuja derrota os ucranianos comemoram neste domingo, 8 de Maio, no Dia da Memória e da Reconciliação - um “herdeiro” do “Dia da Vitória”, comemorado na Rússia desde a época da União Soviética, 9 de Maio.
“Todos os anos, no dia 8 de Maio, em conjunto com todo o mundo civilizado, homenageamos todos os que defenderam o planeta do nazismo durante a Segunda Guerra Mundial. Milhões de vidas perdidas, destinos paralisados, almas torturadas e milhões de razões para dizer ao mal: nunca mais”, começou por referir o Presidente da Ucrânia, no seu discurso.
Contudo, Zelensky lembrou que a expressão “nunca mais”, que é anunciada a cada aniversário da derrota da Alemanha nazi, também pelos ucranianos que lutaram naquela guerra, terá ficado este ano “no papel molhado” desde o dia 24 de Fevereiro, quando a Rússia deu início à sua invasão militar na Ucrânia, a mando do Presidente Vladimir Putin. Terá, portanto, um significado diferente este ano.
“Digam nunca mais. Digam-no à Ucrânia. A 24 de Fevereiro a palavra ‘nunca’ foi apagada. Balas e bombas. Centenas de foguetes às quatro da manhã que acordavam todos os ucranianos. Ouvimos as terríveis explosões. E continuamos a ouvir”, disse Zelensky num discurso gravado diante das torres de Borodianka, na região de Kiev, onde prédios civis de nove andares surgem bombardeados pelas forças russas.
“Imaginem as pessoas a ir para a cama em cada um destes apartamentos que se encontram atrás de mim. Desejavam uma boa noite uns ao outros. Apagavam as luzes. Abraçavam os seus entes queridos. Fechavam os olhos. Sonhavam com alguma coisa. Havia um silêncio completo. Todos adormeciam, sem saber se todos iriam acordar. Dormiam profundamente. Sonhavam com algo agradável. Mas poucas horas depois seriam despertados por explosões de mísseis. E alguém nunca mais viria a acordar. Nunca mais”, ilustrou.
“As nossas cidades sobreviveram à terrível ocupação nazi e levámos quase 80 anos a esquecê-la. Mas estamos perante uma nova. É a segunda ocupação na nossa história e, em casos como Mariupol, a terceira. Os nazis mataram 10 mil civis durante os dois anos de ocupação. A Rússia matou 20 mil em dois meses de ocupação”, sublinhou o Presidente ucraniano.
Para Zelensky, “o mal voltou novamente. De forma diferente, com slogans diferentes, mas com o mesmo objectivo”. “Eles repetem crimes de outros tempos e tentam inclusivamente superar o ‘mestre’, deslocando-o do pedestal do maior mal da história humana, para estabelecerem um novo recorde mundial de xenofobia, ódio, racismo e número de vítimas”, alertou.
“E a prova disso chama-se ‘Lobisomem’. Este é um antigo quartel-general e bunker de Hitler que se situa perto de Vinnitsia. E tudo o que resta dela são algumas pedras. Ruínas. As ruínas de uma pessoa que se considerava grande e invencível. Este é um guia para todos nós e para as gerações futuras. Por aquilo que os nossos ancestrais lutaram. E provaram que nenhum mal pode evitar a responsabilidade pelas suas acções. Não será capaz de se esconder num bunker. Não lhe vai sobrar qualquer pedra. Assim, sei que vamos superar tudo. E sabemos disso com certeza, porque os nossos militares e todo o nosso povo são descendentes daqueles que venceram o nazismo. Vamos ganhar novamente.”
“E haverá paz novamente. Finalmente novamente” perspectivou Zelensky de forma esperançosa.
“Vamos superar o Inverno, que começou a 24 de Fevereiro, que dura a 8 de Maio, mas que definitivamente terminará, derretido pelo sol ucraniano! E encontraremos o nosso amanhecer junto com todo o país. E famílias e entes queridos, amigos e parentes estarão juntos novamente! Finalmente! E sobre as cidades e aldeias temporariamente ocupadas a nossa bandeira será hasteada novamente. Finalmente! E vamos reunir-nos. E haverá paz! Finalmente! E nunca mais sonhos a preto e branco. Apenas sonhos a azul e amarelo. Finalmente! Os nossos ancestrais lutaram por isso”, terminou o Presidente ucraniano perspectivando o término da invasão militar russa.