O multimilionário Elon Musk, que namorou com Amber Heard e que está prestes a comprar o Twitter, e o actor e produtor James Franco, cujo nome veio a lume nos últimos anos também por ter sido alvo de denúncias de exploração sexual, já não vão a Fairfax, Virgínia, testemunhar a favor da actriz no âmbito da acção de difamação interposta por Johnny Depp.
De acordo com o New York Post, o advogado de Musk, Alex Spiro, confirmou esta quarta-feira que o seu cliente não irá testemunhar, enquanto uma fonte não identificada avançou que entre as ausências estará também James Franco.
Franco poderia ser essencial para Amber Heard já que, segundo declarou a própria no julgamento que decorreu no Reino Unido contra o The Sun pelo facto de o tablóide ter rotulado Johnny Depp como “espancador da mulher” (em que Depp perdeu), o protagonista de 127 Horas esteve consigo no dia a seguir em que a mulher alega ter existido um episódio de violência que originou o pedido de divórcio. De acordo com a actriz, Franco observou a sua face, que afirma ter sido atingida pelo ex-marido com um telemóvel, tendo desabafado “o que raio…”. No entanto, este testemunho indirecto, tido em conta por um juiz britânico, pode não ser suficiente para o júri norte-americano.
O episódio de violência que Amber Heard afirma ter acontecido na noite de 21 de Maio de 2016 foi, aliás, um dos focos da audiência desta quarta-feira, em que foram ouvidos os testemunhos dos agentes que responderam à chamada. Ambos os agentes afirmaram não ter visto marcas no rosto da actriz que os levasse a suspeitar de uma agressão, referindo que o vermelho era condizente com o facto de estar a chorar.
Na altura, Depp não se encontrava no apartamento e os agentes confessaram que desconheciam que se tratava da sua casa, além de não terem reconhecido Heard (a actriz, de 36 anos, ganhou maior notoriedade após ter assumido o papel de Mera em Aquaman, o que só aconteceu dois anos depois).
A defesa da actriz, porém, deixou em aberto a possibilidade de Amber Heard ter disfarçado as mazelas com maquilhagem, incitando os agentes a explicarem o motivo pelo qual não aprofundaram a investigação de um potencial caso de violência doméstica.
Johnny Depp interpôs uma acção de 50 milhões contra Amber Heard, acusando a ex-mulher de o ter difamado quando escreveu um artigo para o The Washington Post, em Dezembro de 2018, em que relatou ser uma sobrevivente de abusos domésticos. Na última semana, o actor prestou declarações sob juramento em que discorreu sobre a sua infância traumática e sobre as suas dependências. No entanto, garantiu que “jamais” bateu numa mulher na sua vida, identificando a ex-mulher como o elemento violento da relação. “Ela tem necessidade de conflito. Ela tem necessidade de violência”, acusou.
No texto que levou o ex-casal a uma batalha judicial milionária, Amber Heard não identifica o seu agressor pelo nome, mas, defende o advogado de Depp, Benjamin Chew, era claro que se estava a referir ao actor. Do seu lado, a actriz não nega que de facto falava sobre o ex-marido, mas observa que, por um lado, apenas escreveu a verdade e que, por outro, a sua opinião está protegida como livre expressão ao abrigo da Primeira Emenda da Constituição dos EUA. Ou seja, respondeu com uma contra-acusação, pedindo uma indemnização de cem milhões de dólares (92,6 milhões de euros). No contra-interrogatório, a defesa exibiu mensagens enviadas por Depp, em que o actor fala sobre o seu desejo de ver a ex-mulher morta. “Não estou orgulhoso de nenhum dos termos que usava nos momentos de raiva”, disse Depp.
Na terça-feira, uma psicóloga clínica e forense testemunhou que avaliou Amber Heard, recorrendo a documentos do caso, registos médicos, tratamentos de saúde mental e registos áudio e vídeo, além de se ter encontrado com a ré nos dias 10 e 17 de Dezembro, num total de 12 horas. “Os resultados da avaliação da sra. Heard apoiaram dois diagnósticos: perturbação de personalidade limítrofe (borderline) e perturbação de personalidade histriónica”, testemunhou Shannon Curry.