Marcelo espera que abertura de corredores humanitários na Ucrânia tenha “pernas para andar”
Presidente da República mostrou reservas quanto ao resultado das conversas de António Guterres com os Presidentes da Rússia e Ucrânia, mas valorizou a abordagem de discurso do secretário-geral da ONU nos momentos que antecederam os encontros com Putin e Zelensky.
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O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, disse esta quarta-feira que espera que a ideia de abrir alguns corredores humanitários na Ucrânia tenha “pernas para andar” após o encontro entre António Guterres e Volodimir Zelensky.
O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU) e o presidente ucraniano reúnem-se esta quinta-feira, em Kiev, depois de o português se ter encontrado com o presidente russo, Vladimir Putin, na terça-feira, em Moscovo, para mediar o conflito.
“O próprio secretário-geral foi cuidadoso, baixou as expectativas dizendo que era difícil convencer Putin, mas que persistia com a ideia de ser possível abrir pelo menos alguns corredores humanitários, que é dramático em certas áreas da Ucrânia, como Mariupol e zonas muito sensíveis. Vamos ver se, depois do encontro com o presidente Zelensky, essa ideia tem pernas para andar ou não”, expressou o chefe de Estado aos jornalistas.
À margem da recepção à Missão Portuguesa aos Jogos Surdolímpicos, Marcelo Rebelo de Sousa afirmou que “há um jogo de palavras nestas situações militares, em que o que se diz é para produzir efeito dos vários lados”, considerando que este processo de Guterres é “discreto, difícil e que exigirá muito por parte do secretário-geral da ONU”.
Enquanto “um pretende certos objectivos no terreno e conquistá-los rapidamente”, o outro “está a defender o seu país e a integridade territorial, não querendo obviamente perder fatias do território”, num diálogo entre “duas posições tão opostas”, apontou.
“É muito importante perceber-se qual é o estado de espírito. Assim como o secretário-geral da ONU foi muito claro a dizer que era difícil convencer Putin, agora vamos ver o que ele diz, se é fácil ou difícil convencer o presidente Zelensky. Cada um deles, como diz o povo português, puxa a brasa à sua sardinha”, realçou Marcelo Rebelo de Sousa.
A Rússia invadiu a Ucrânia em 24 de Fevereiro, desencadeando uma guerra que provocou um número de baixas civis e militares ainda por determinar. O conflito, que dura há 63 dias, levou mais de 5,3 milhões de pessoas a fugir da Ucrânia, na pior crise de refugiados na Europa desde a Segunda Guerra Mundial.
A ONU confirmou esta quarta-feira que pelo menos 2787 civis morreram e 3152 ficaram feridos, mas manteve o alerta para a probabilidade de os números serem consideravelmente superiores. Cerca de 13 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária na Ucrânia, segundo as Nações Unidas.