Amber Heard diagnosticada com transtorno de personalidade histriónica por psicóloga de Depp
Uma psicóloga chamada a depor pelos advogados do actor disse, nesta terça-feira, ter observado na actriz sinais de transtorno de personalidade histriónica e de transtorno de personalidade limítrofe (borderline).
Depois de um testemunho que demorou quatro dias, Johnny Depp regressou ao tribunal em Fairfax, Virgínia, para assistir à apresentação do seu caso. A equipa jurídica do actor começou por chamar Tara Roberts a testemunhar. A mulher, responsável pela manutenção da ilha que o actor detém nas Baamas, onde decorreu o casamento com Amber Heard, disse que nunca observou em Heard qualquer sinal de violência física.
No entanto, a governanta afirmou ter escutado, durante uma violenta discussão entre o casal, Depp afirmar que a mulher lhe tinha batido com uma lata e que observou uma lesão no nariz do actor após uma outra altercação com Amber Heard. No contra-interrogatório, ficou-se a saber que Tara Roberts trabalha para Depp há cerca de 15 anos e que aufere um valor mensal em torno de dez mil dólares (9400€).
Outro testemunho importante foi da agente da polícia de Los Angeles que acudiu à chamada de Amber Heard, a 21 de Maio de 2016, por causa de uma discussão entre o casal, mas que declarou não ter observado qualquer violência contra a actriz. “Não a identifiquei como vítima de violência doméstica”, acrescentando que não viu no local qualquer prova de crime.
Esta terá sido a última discussão entre Depp e Heard antes de a mulher entrar com o pedido de divórcio e uma providência cautelar, tendo justificado a necessidade com o facto de Depp lhe ter batido com um telemóvel, deixando-a com um hematoma no lado direito da cara, do qual foi entregue uma imagem em tribunal.
Porém, o testemunho mais relevante do dia poderá ter sido o de Shannon Curry, uma psicóloga clínica e forense licenciada na Califórnia e no Havai, chamada pela equipa jurídica de Depp. Sob juramento, Curry disse ter efectuado uma avaliação psicológica da actriz, utilizando documentos do caso, registos médicos, tratamentos de saúde mental e registos áudio e vídeo, além de se ter encontrado com a ré nos dias 10 e 17 de Dezembro, num total de 12 horas. “Os resultados da avaliação da sra. Heard apoiaram dois diagnósticos: transtorno de personalidade limítrofe (borderline) e transtorno de personalidade histriónica”, testemunhou Curry.
A psicóloga, que declarou ter recorrido ao MMPI-2 (Inventário Multifásico de Personalidade de Minnesota, tido como o teste mais amplamente usado no desenvolvimento de um perfil de personalidade psicológica), disse que a pontuação do perfil de Heard mostra alguém muito preocupado com a imagem, propenso a tratar os outros com crueldade, incapaz de admitir a responsabilidade e propenso a culpar os outros.
O transtorno de personalidade limítrofe é, explica o director de Psiquiatria Ambulatória do Hospital de Rhode Island, Mark Zimmerman, “caracterizado por um padrão generalizado de instabilidade em relacionamentos, auto-imagem, humor e comportamento, bem como hipersensibilidade à possibilidade de rejeição e abandono”. Já o transtorno de personalidade histriónica, escreve o mesmo clínico, é observado através de um padrão generalizado de excessiva emocionalidade e busca de atenção.
Mas Shannon Curry não ficou por aqui e deitou por terra a ideia de que Amber Heard possa sofrer de stress pós-traumático, explicando que este transtorno é muito fácil de simular, já que todas as emoções exibidas são, uma ou outra vez, experimentadas por qualquer um.
O testemunho de Shannon Curry foi uma dura machadada para Amber Heard, ainda que, na manga da defesa da actriz, estará muito provavelmente outro especialista que virá deitar por terra as teorias apresentadas nesta terça-feira. Além disso, enquanto em tribunal Depp continua a somar pontos com o júri (várias vezes terá conseguido arrancar sorrisos, descreveu uma repórter da Court TV que tem emitido o julgamento em directo) e nas redes sociais os apoios ao actor se multiplicam, nem todos parecem olhar para o caso da mesma maneira. O radialista Howard Stern acusou Depp de exagerar em tribunal e de ser um narcisista, concluindo: “Isto não vai acabar bem.”
Johnny Depp, de 58 anos, afirma que Amber Heard, de 35, o difamou quando escreveu um artigo para o The Washington Post, em Dezembro de 2018, em que relatou ser uma sobrevivente de abusos domésticos. Pouco tempo depois, Depp interpôs uma acção no valor de 50 milhões de dólares (46,3 milhões de euros). Na última semana, o actor prestou declarações sob juramento em que discorreu sobre a sua infância traumática e sobre as suas dependências. No entanto, garantiu que “jamais” bateu numa mulher na sua vida, identificando a ex-mulher como o elemento violento da relação. “Ela tem necessidade de conflito. Ela tem necessidade de violência”, acusou.
No texto que levou o ex-casal a uma batalha judicial milionária, Amber Heard não identifica o seu agressor pelo nome, mas, defende o advogado de Depp, Benjamin Chew, era claro que se estava a referir ao actor. Do seu lado, a actriz não nega que de facto falava sobre o ex-marido, mas observa que, por um lado, apenas escreveu a verdade e que, por outro, a sua opinião está protegida como livre expressão ao abrigo da Primeira Emenda da Constituição dos EUA. Ou seja, respondeu com uma contra-acusação, pedindo uma indemnização de cem milhões de dólares (92,6 milhões de euros). No contra-interrogatório, a defesa exibiu mensagens enviadas por Depp, em que o actor fala sobre o seu desejo de ver a ex-mulher morta. “Não estou orgulhoso de nenhum dos termos que usava nos momentos de raiva”, disse Depp.