Rudy Giuliani deixou cair A Máscara, um dos jurados abandonou logo o programa
O polémico advogado Rudy Giuliani foi à edição norte-americana do programa de talentos Masked Singer. Uma “estrela” polémica que levou mesmo o actor Ken Jeong a abandonar o show: “Para mim, chega”, atirou. Giuliani cantou Bad to the bone (Mau até aos ossos).
Espanto geral, com muitos semblantes pouco satisfeitos com a revelação que o Masked Singer da noite era, nada mais, nada menos que Rudy Giuliani, personalidade que, nos últimos tempos, tem estado envolvido em várias polémicas, da invasão do Capitólio à sua participação involuntária num sketch de um projecto de Sacha Baron Cohen que deixa no ar a suspeita de que o antigo mayor de Nova Iorque seria capaz de se envolver com menores de idade — Giuliani negou, afirmando que as imagens tinham sido manipuladas.
Por isso, não é de espantar que a incredulidade tivesse dominado o momento. “Isto é definitivamente algo que eu nunca teria adivinhado”, declarou o jurado Robin Thicke. O apresentador Nick Cannon justificou a surpresa sentida: “Senhor Giuliani, com toda a controvérsia que o cerca actualmente, acho que nos surpreende a todos que esteja aqui no The Masked Singer”. “A mim também!”, respondeu o político, que justificou a ida com o nascimento recente de uma neta. “Quero que ela saiba que devemos tentar tudo, mesmo coisas que nos são completamente estranhas e improváveis. E não consegui lembrar-me de algo que tivesse tão pouco a ver comigo e tão improvável quanto isto.”
O programa continuou com Rudy Giuliani a cantar Bad to the bone (Mau até aos ossos, numa tradução livre), de George Thorogood & The Destroyers, mas não agradou a todos. O actor Ken Jeong (célebre por várias comédias, incluindo a representação de Chow na trilogia A Ressaca) mostrou-se visivelmente incomodado com a presença do advogado, que viu a sua licença para exercer no estado de Nova Iorque e em Washington D.C. suspensa, em Julho de 2021. Depois de ter ficado de braços cruzados a assistir ao desenvolvimento da cena, saiu disparado do palco depois de declarar, ao mesmo tempo que Giuliani cantava: “Para mim, chega”.
O programa, que foi agora transmitido pela Fox, foi gravado em Fevereiro e já na altura a presença de Giuliani foi notícia em vários sítios, com muitos a considerarem o convite da estação um erro. “Há uma narrativa de vergonha muito presente ligada a Giuliani, não de vergonha passada. E os produtores de A Máscara e da Fox sentiram que queriam fazer parte do seu processo de branqueamento”, escreveu o crítico de televisão Daniel Fienberg para o The Hollywood Reporter.
O antigo mayor de Nova Iorque, que uniu os americanos após o 11 de Setembro na reconstrução da cidade e assumiu o papel de uma espécie de bálsamo para o espírito ferido de uma nação, caiu em desgraça depois de se envolver na demanda de Donald Trump para a anulação dos resultados das eleições de 2020, estando actualmente entre os suspeitos de terem incitado a invasão ao Capitólio, episódio que resultou na morte de cinco pessoas, entre as quais um polícia. Pelo meio, foi “apanhado” por Borat quase com as calças nas mãos.
A cena mostra Giuliani deitado numa cama de um quarto de hotel, com as mãos dentro das calças na presença da actriz Maria Bakalova, de 24 anos, que no filme interpreta o papel de filha de Borat, de 15 anos.
Os dois vão para o quarto, onde se encontram várias câmaras ocultas, por sugestão da actriz, que convida Giuliani para uma bebida após uma entrevista. Depois de lhe ser retirado o microfone, o ex-presidente da Câmara de Nova Iorque aparece deitado na cama aparentemente a retirar a camisa das calças. A cena é interrompida pela entrada de rompante da personagem Borat que diz: “Ela tem 15 anos, é demasiado velha para si.”
“O vídeo de Borat é uma fabricação completa”, contrapôs Giuliani no Twitter. “Estava a entalar a minha camisa depois de tirar o aparelho de gravação. Em nenhum momento antes, durante, ou depois da entrevista fui inconveniente. Se Sacha Baron Cohen implica o contrário, ele é um mentiroso.”