Um São Jorge fadista em Belém, pela mão e pela voz de Jonas

O próximo concerto do ciclo Há Fado no Cais leva ao CCB, em Lisboa, o fadista Jonas e o seu álbum de estreia, São Jorge. Esta sexta-feira, às 21h, com transmissão simultânea em streaming.

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Jonas DR

Depois de apresentar este ano Zé Maria, em estreia, e Pedro Jóia com um novo espectáculo em trio, o ciclo Há fado no Cais leva ao CCB, em Lisboa, Jonas, fadista que é também coreógrafo e bailarino, para mostrar ao vivo o que vale o seu álbum São Jorge, lançado em 2021. Marcado para esta sexta-feira, no Pequeno Auditório, às 21h, o espectáculo será transmitido em streaming, em simultâneo, mediante aquisição de bilhete e ficará disponível online até às 23h59 de dia 24. Com Jonas (voz) estarão em palco quatro músicos: Manuel Ferreira (guitarra portuguesa), Bernardo Romão Tiago (guitarra portuguesa), Tiago Valentim (viola de fado) e Bruno Victor (contrabaixo).

Nascido Jonas Emanuel Lopes, na freguesia de São Jorge de Arroios, Lisboa, em 6 de Junho de 1986, Jonas cresceu, conforme contou ao PÚBLICO por ocasião da estreia do seu disco, “rodeado de música sacra, frequentando coros católicos e godspell, no seio de uma família com o lado paterno fortemente católico e o lado materno fortemente protestante.” A sua mãe era bailarina e também cantava fado. E ele, que cresceu mais com a família paterna, acabou por lhe seguir os passos, quer na dança quer no fado. “É uma herança genética, ou espiritual.”

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Jonas tal como surge na capa de São Jorge JOÃO PIRES

Na capa do disco, como já se escreveu no PÚBLICO, Jonas surge fotografado numa mistura sincrética de símbolos religiosos e fadistas: tem um casaco preto que parece uma batina, segura com a mão esquerda um medalhão de São Jorge que pende de um cordão ao peito, levanta dois dedos da mão direita numa vaga sugestão de bênção e, por detrás da cabeça, qual auréola, há o corpo de uma guitarra. Nome e pose influenciados por locais e pelo teatro: “Eu nasci em São Jorge de Arroios, o Chapitô [em cuja escola entrou aos 15 anos, depois de se estrear aos 9 numa peça La Fontaine] era ao lado do Castelo de São Jorge e por isso o santo padroeiro deste disco só se podia chamar São Jorge.”

Assim disso, o disco foi produzido por outro Jorge, Jorge Fernando. Com um total de 12 temas, São Jorge inclui uma série de fados que Jonas vinha a compor, desde há algum tempo, a partir de uma observação – poética, irónica e crítica – do quotidiano lisboeta, como Provérbio ao contrário, Lisboa montra de recuerdos, Jacarandá, Insegurança social, Carros e carrinhas e carroças, Big brother ou Airbnb. E foi gravado com o “conjunto clássico do fado de antigamente: duas guitarras, uma viola e um baixo.” Uma formação idêntica à que terá agora neste concerto do CCB.

Parceria entre o Museu do Fado e o Centro Cultural de Belém, o ciclo Há Fado no Cais tem, a seguir a Jonas, mais um nome na agenda: Gisela João, no dia 13 de Maio, também às 21h.

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