PCP junta-se ao PS, PSD, Chega, IL e PAN para conciliar votos de condenação da guerra na Ucrânia

Comissão parlamentar dos Negócios Estrangeiros cria grupo de trabalho para tentar fundir vários textos.

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Todas as bancadas apresentaram votos sobre o conflito da Ucrânia Rui Gaudencio

A comissão parlamentar dos Negócios Estrangeiros despachou os oito votos de condenação da guerra na Ucrânia e dos massacres a civis em Bucha para um grupo de trabalho, que tentará conciliar os textos, incluindo o do PCP. Na reunião desta terça-feira, o debate sobre o teor dos projectos foi quase inexistente. A proposta do Chega para condenar a posição do PCP sobre o conflito na Ucrânia foi chumbada.

A decisão de remeter os projectos de voto para um grupo de trabalho foi tomada por unanimidade depois de o presidente da comissão, o socialista Sérgio Sousa Pinto, ter esclarecido que a tentativa de encontrar um consenso entre projectos de voto é uma prática da comissão para evitar a proliferação de textos sobre o mesmo tema e no mesmo sentido. Na reunião, estava prevista a apresentação e votação de textos do PSD, da IL, do BE, do PAN sobre a condenação da guerra na Ucrânia e dos massacres a civis em Bucha. No caso do PCP, o projecto de voto “de solidariedade para com as vítimas da guerra na Ucrânia, pela paz e pelo cabal apuramento de denúncias de crimes de guerra” também vai ser incluído ainda que a proposta comunista não aponte na mesma linha das restantes.

Isso mesmo foi assumido por Sérgio Sousa Pinto, que mostrou surpresa pela disponibilidade do PCP para participar num grupo de trabalho que tentará fundir os textos dos dois temas.

A líder parlamentar do PCP, Paula Santos, contrariou a ideia de ficar isolada e mostrou abertura para se juntar aos restantes deputados e encontrar um consenso sobre os votos que condenam a Rússia. “Não se pode assumir essa posição. Vamos procurar se é possível”, disse, o que foi aceite pelo presidente da comissão. O grupo de trabalho, que não tem um prazo limite para concluir o trabalho, será liderado pelo socialista Paulo Pisco.

Fora do grupo de oito votos estava um outro lote de três projectos de voto, apresentados pelo Chega, também relacionados com a invasão da Rússia à Ucrânia. Um deles propunha condenar o PCP e a Internacional socialista pelas posições assumidas sobre o conflito.

“A postura do PCP tem sido pouco clara e ambígua em relação à questão da invasão da Ucrânia”, justificou o deputado do Chega Pacheco de Amorim, o que mereceu uma discordância por parte da líder da bancada comunista. “É inaceitável que haja um voto desta natureza na Assembleia da República. O PCP sempre primou pela defesa dos valores da liberdade e da democracia”, respondeu Paula Santos, depois de ter ouvido a condenação do PS e do PSD a este voto do Chega.

Tanto Paulo Pisco como o social-democrata Tiago Moreira de Sá mostraram-se contra a ideia de condenar um partido no Parlamento só pelas posições que assumem. José Soeiro, do BE, concordou: “Se a moda pega temos votos de condenação dos partidos todas as semanas (…) é absurdo”. O voto foi, por isso, chumbado com os votos contra do PS e BE, a abstenção do PSD e IL. Só o Chega votou a favor. Diogo Pacheco Amorim também ficou isolado no voto de condenação à postura da China no conflito com a Ucrânia. Só foi aprovado o voto de louvor, proposto pelo Chega, à organização Médicos Sem Fronteiras “pela actuação nos diversos conflitos militares em especial na Ucrânia”, mas o PSD pediu para serem referidas outras organizações, o que será acertado mais tarde.

O debate sobre um projecto de resolução do Livre que declara Vladimir Putin responsável por crimes de guerra foi adiado por ausência do deputado único Rui Tavares.

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