Aos 101 anos, o “furacão Hazel” permanece como directora do Aeroporto de Pearson, o maior do Canadá

A mulher, que dividiu a sua longa vida entre o empreendorismo e a causa pública, viu o seu contrato como presidente do Conselho de Administração da Grande Autoridade Aeroportuária de Toronto, que gere o Pearson, renovado por mais três anos.

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Hazel McCallion conta com um enorme apoio público Roberto Machado Noa/LightRocket via Getty Images

A canadiana Hazel McCallion foi reempossada, por mais três anos, como presidente do Conselho de Administração da Grande Autoridade Aeroportuária de Toronto, em Mississauga, que gere o Toronto Pearson, a maior instalação aeroportuária do Canadá, com um tráfego de quase 50 milhões de passageiros pré-pandemia (em 2019, Lisboa registou 31 milhões de passageiros). O facto é notícia por causa da sua idade: 101 anos.

A centenária — também conhecida como “furacão Hazel” — detém o cargo desde 2017, mas o seu currículo não se resume a gerir o funcionamento daquele importante hub aéreo. Até 2014, altura em que tinha 94 anos, Hazel foi, durante 36 anos, presidente da Câmara de Mississauga, a sexta mais populosa municipalidade do Canadá, a terceira maior de Ontário e a segunda maior da Região Metropolitana de Toronto. E, quando renunciou ao cargo, não procurou qualquer casa de repouso. Em vez disso, passou a assumir uma posição entre os conselheiros do primeiro-ministro da província de Ontário e a estar entre os conselheiros especiais da Universidade de Toronto-Mississauga.

Nascida a 14 de Fevereiro de 1921, em Port Daniel, Quebeque, Hazel começou por frequentar a escola de secretariado de empresas, uma vez que a família não tinha dinheiro para a inscrever no ensino superior. No entanto, o que aprendeu no curso granjeou-lhe um lugar na multinacional Kellogg, tendo sido transferida para Toronto, em 1942, onde ajudou a estabelecer o escritório local da empresa de cereais.

Paralelamente, dava cartas no hóquei, modalidade que começou a praticar ainda em criança. Mas não se ficou pelas equipas de formação. Jogou profissionalmente em Montreal e, em 1987, muito depois de se ter retirado das pistas, no Torneio Mundial de Hóquei Feminino (não reconhecido pela Federação Internacional de Hóquei no Gelo), o troféu foi baptizado com o seu nome.

A viragem na sua vida dá-se em 1967, aos 46 anos, quando decide trocar a carreira empresarial por um lugar na política. Quase uma década depois, nas eleições municipais de 1976, McCallion ganhou o seu lugar no conselho de Mississauga por aclamação. E, na altura em que foi eleita presidente da Câmara de Mississauga, já tinha assento em praticamente todas as comissões da região de Peel e da cidade de Mississauga.

Uma curiosidade: Hazel McCallion ganhou sempre sem grande dificuldade o município, mesmo que nunca tenha feito campanha eleitoral. Aliás, a mulher recusou-se a aceitar donativos, pedindo aos seus apoiantes que entregassem esse dinheiro a instituições de beneficência. O seu último mandato, conquistado em 2010, foi o 12.º consecutivo — apenas porque decidiu não se recandidatar. Ainda assim, Hazel não deixou o lugar vazio: endossou a conselheira e ex-deputada federal Bonnie Crombie, que conquistou a posição sem dificuldades.

A nível internacional, McCallion foi, no Canadá, pioneira na defesa da criação de um Estado palestiniano, tendo abordado o tema durante a convenção anual da Federação Árabe Canadiana em 1983.

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