Medina prepara-se para rever últimas previsões de Leão

Nos encontros com os grupos parlamentares e os parceiros sociais, o ministro das Finanças revelou que o novo OE deverá apontar menos crescimento e mais inflação este ano, mas a meta do défice deverá ficar igual

Foto
Fernando Medina, ministro das Finanças LUSA/MANUEL DE ALMEIDA

Duas semanas depois de João Leão ter apresentado as suas projecções para a economia portuguesa no Programa de Estabilidade, o seu sucessor, Fernando Medina já se prepara para rever, com um tom mais pessimista, as estimativas para o crescimento económico e a taxa de inflação deste ano. O objectivo para o défice, no entanto, mantém-se.

Na apresentação das linhas gerais da proposta de OE 2022 que fez ao longo desta segunda-feira aos grupos parlamentares e aos parceiros sociais, o ministro das Finanças deu, sem grandes pormenores, alguns sinais daquilo que poderá vir a acontecer ao cenário macroeconómico que serve de base ao orçamento.

De acordo com o que os líderes parlamentares, sindicais e patronais disseram aos jornalistas à saída dos seus encontros com Fernando Medina, o Governo prepara-se para rever em baixa a sua previsão de crescimento para este ano. No Programa de Estabilidade, apresentado no final de Março ainda por João Leão, o executivo apontava para uma taxa de crescimento da economia portuguesa de 5%, o que já na altura representou uma revisão em baixa face à previsão de 5,5% que tinha sido feita na primeira proposta de OE para 2022 que acabou por ser chumbada pelo Parlamento em Novembro.

No que diz respeito à inflação, a revisão das projecções do Governo será feita em alta. À saída da sua reunião com o ministro das Finanças, o presidente da Iniciativa Liberal, João Cotrim Figueiredo, citado pela agência Lusa, disse que o executivo está agora a apontar para que a taxa de inflação média em 2022 “fique à volta de 4%”.

No Programa de Estabilidade, o Governo prevê uma taxa de inflação de 2,9%, um valor que fica abaixo das projecções do Banco de Portugal e que pode ter ficado ainda mais desactualizado a partir do momento em que se soube que a taxa de inflação homóloga em Março se cifrou em 5,3%, o valor mais alto desde 1994.

Aquilo que não deverá mudar, também de acordo com aquilo que foi dito pelo ministro das Finanças nas suas reuniões, é a meta para o défice público deste ano, que no Programa de Estabilidade passou para os 1,9%, menos 0,9 pontos do que os 2,8% de 2021 e do que os 3,2% que eram o objectivo na primeira versão da proposta de OE para 2022.

Aparentemente, apesar de assumir que a conjuntura económica afinal se deteriorou ainda mais com a guerra do que o previsto, o novo executivo parece apostado em manter o ritmo de consolidação rápido que foi definido ainda pelo Governo anterior.

Sugerir correcção
Ler 4 comentários