Provámos o incrível mundo do “queijo” vegano (orgulhosamente entre aspas)
Muka, A Queijeira Verde e Yogan, entre muitas outras cozinhas transformadas em laboratórios. Os produtores portugueses estão a criar queijos veganos mais atraentes do que nunca.
Os prazeres do queijo começam antes sequer de cortarmos a sua pele enrugada e de sentirmos o seu fedor promissor. Anunciam-se à distância no início ou no fim da refeição — que não somos esquisitos. Estão entranhados na memória. Por isso, havia algum cepticismo no momento em que avançámos para a caixa de degustação (Muka, vegano, bio e fairtrade) à base de caju, a rodela rugosa de Cajuberto, estilo Camembert, o triângulo bolorento de Brito, estilo brie, o V'eden fumado em lascas de macieira. Por momentos duvidámos. Não estávamos preparados para os sabores suaves e húmidos de um “queijo” macio, para o gosto levemente picante que persiste na garganta, para a sua cremosidade densa e luxuosa. Para um vegetariano com três anos de vegetarianismo rigoroso — aquelas hóstias de camarão não contam, a fome apanhou-me distraído —, o queijo é o boss do final de nível, o último desafio, o mais difícil alimento a deixar pelo caminho. Quando parávamos para pensar no queijo de leite, nas bolas vermelhas de queijo flamengo, no cheiro intenso do queijo azul, no romantismo de um Romeu e Julieta, parecia um adversário que ninguém podia derrotar.
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