Um mausoléu de mármore no meio de granito: a obra espiritual que foi “um sonho” de Álvaro Siza

NELSON GARRIDO
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São mais de quatro toneladas de mármore branco polido, no meio de uma capela toda em granito. A obra é da autoria de Álvaro Siza — um projecto “espiritual” que foi “um sonho” assinar, disse à imprensa espanhola aquando da concretização do projecto o arquitecto, em Março último, até porque pôde incluir o mármore português em Santiago de Compostela, onde a capela se situa. 

O fotojornalista do PÚBLICO Nelson Garrido visitou a Catedral de Santiago para captar este mausoléu, onde as linhas delicadas do mármore contrastam com a aspereza das paredes de granito. “Escolhi o mármore branco de Estremoz porque é muito bom e muito bonito. E porque a catedral é toda em granito”, disse o arquitecto ao PÚBLICO, em Março, sobre o projecto. “No caso da capela onde foi colocado o túmulo, o granito nunca foi preparado para ficar à vista e está enegrecido pelo tempo. Como é um espaço pequeno, o mármore dá um contraste muito interessante.”

A estrutura “sozinha, sem mais decoração, transmite o sentimento de que se está perante algo sagrado”, referiu, sobre a obra, o director da Fundação Catedral, Daniel Lorenzo, quando a inaugurou. Este espaço, anteriormente usado como armazém e sem qualquer ligação religiosa, serve agora para enterrar arcebispos de Compostela. “No interior, tem três prateleiras, lugar para três infelizes...”, brincou, em Março, em declarações ao PÚBLICO. “É como se fosse um armário, como uma execução primorosa feita por um marmorista de Valongo, o Sr. Sousa. Não tem peças metálicas de ligação, só encaixe e cola.” 

O espaço é preenchido por mobiliário de madeira, como mostram as fotografias: há uma mesa de altar, dois bancos, uma cruz de prata, um conjunto de candeeiros e uma Virgem Maria do século XIII, que fazia parte das reservas do museu da catedral. 

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