Suspense até ao fim: Sean Penn ameaça derreter os seus Óscares se se confirmar que Hollywood não deixa falar Zelensky
Amy Schumer, uma das três anfitriãs da cerimónia desta madrugada, terá proposto à Academia que oferecesse tempo de antena ao presidente ucraniano.
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O actor e realizador Sean Penn, um membro particularmente activista da comunidade artística de Hollywood, diz-se disposto a derreter os seus dois Óscares (foi premiado em 2003 e 2008 pelos seus papéis de protagonista em Milk e Mystic River, respectivamente) se a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas não conceder tempo de antena na gala desta madrugada ao presidente ucraniano Volodimir Zelensky.
Em declarações à CNN, Penn considerou que a eventual recusa da Academia em ceder a Zelensky a plataforma de enorme visibilidade global que ainda é – apesar do continuado declínio das audiências televisivas – a cerimónia dos Óscares seria “o momento mais obsceno em toda a História de Hollywood”.
“Dar a [Zelensky] uma oportunidade para falar com todos nós é a coisa mais generosa que os prémios da Academia poderiam fazer”, disse o actor, sugerindo que a organização responsável pelos Óscares terá decidido não autorizar tal intervenção. “Não estou a comentar se o presidente Zelensky terá ou não querido [aceitar]”, acrescentou.
No início da semana, Amy Schumer, uma das três anfitriãs da cerimónia que esta noite distribuirá pela 94.ª vez os mais cobiçados prémios da indústria cinematográfica, anunciou ter proposto à Academia que Zelensky interviesse no decurso da entrega dos Óscares, por satélite ou mensagem gravada, dando porém a entender que a sugestão não foi bem acolhida.
Entretanto, na sexta-feira, o New York Post noticiou que o presidente ucraniano e a Academia de Hollywood estariam em negociações para uma aparição nos Óscares, mas a notícia nunca foi confirmada oficialmente. Segundo o jornal britânico The Guardian, outras fontes terão entretanto adiantado que Zelensky declinou o convite para participar na cerimónia via Zoom.
Na dúvida sobre o que de facto se passou nos bastidores, o actor, que tem passado as últimas semanas entre a Ucrânia e a Polónia a documentar a actual vaga de refugiados de guerra, não poupou as críticas à possibilidade de a Academia ter de facto negado tal pretensão: “Se escolheram não apoiar a liderança da Ucrânia, que está a levar com balas e bombas por todos nós, juntamente com as crianças ucranianas que tenta proteger, então acho que todas e cada uma das pessoas responsáveis por tal decisão [ficarão associadas] àquele que terá sido o momento mais obsceno em toda a História de Hollywood.”
Em directo para a CNN a partir da Polónia, onde de momento prossegue as filmagens do seu documentário para a Vice Studios, Sean Penn apelou a um boicote generalizado caso esta versão se confirme. “Se chegar a esse ponto, derreto os meus [Óscares] em público. Rezo para que não tenha sido isso que aconteceu. Rezo para que não tenham sido pessoas arrogantes que se consideram representantes do bem supremo na minha indústria a decidir [não estar ao lado] dos líderes ucranianos.”
Embora integre o elenco de Licorice Pizza, de Paul Thomas Anderson, nomeado para três Óscares (Melhor Filme, Melhor Realização e Melhor Argumento Original), Sean Penn não está este ano na corrida aos prémios de Hollywood.