Mais de 20 anos passados sobre a morte de Orlando Pantera, Pantera, um espectáculo entre a dança e a música, vai atrás das pistas de um homem que, com voz e guitarra, revolucionou a música cabo-verdiana e se extinguiu em seguida. Sem ter gravado o prometido primeiro álbum.

A 19 e 20 de Março, Clara Andermatt e João Lucas, com a participação de Mayra Andrade, estreiam no CCB um espectáculo que correrá o país a lembrar este mergulho na tradição sem medo do futuro.

Gonçalo Frota descreve Pantera como a procura por um músico que ganhou uma dimensão lendária na música local sem ter chegado a gravar um único disco — a morte fez-lhe o cerco e apanhou-o na véspera de entrar em estúdio para a primeira sessão com esse intuito. E o nome Pantera acabou por, afinal, ser apresentado ao mundo através de gravações das suas canções por nomes como Os Tubarões, Tcheka, Lura e Mayra Andrade.

Pantera nasce ainda da procura de Darlene Barreto, a filha do músico — que tinha seis anos na altura da sua morte —, que vem empreendendo movimentos de descoberta de quem foi o seu pai. Foi Darlene que contactou Clara Andermatt para lhe sugerir a criação de uma peça que assinalasse os 20 anos do desaparecimento de Pantera. Darlene criou uma fundação para valorização do legado do pai e vai editar, por fim, um álbum com as suas gravações.

 

"Surpreendente obra-prima": Nuno Pacheco sobre Amélias. Trinta anos após a estreia discográfica com Múgica, Amélia Muge brinda-nos com um disco onde a voz se multiplica em variações tonais, tímbricas e pulsões rítmicas.

 

Duas entrevistas de ressonâncias amplas nesta edição:

José Marmeleira conversou com Jacques Rancière, o autor de O Espectador Emancipado ou A Fábula Cinematográfica: as relações entre a arte, a estética e a natureza, o significado da paisagem no cinema e a experiência da cinefilia. O pensador francês inaugurou, quinta-feira, no CCB, em Lisboa, o programa Políticas da Estética: o Futuro do Sensível.

Pedro Rios falou com A. C. Grayling, um dos nomes mais conhecidos da filosofia britânica. Anti-“Brexit” e ateu com igual fervor, é autor de dezenas de livros sobre filosofia, política, ciência, religião e outros temas. Fala de todos nesta entrevista — e da guerra na Ucrânia, “um acto muito estúpido” de Putin.

 

Mário Lopes, para descortinar Tony Conrad, o músico determinante do minimalismo e do noise, o cineasta revolucionário, o artista múltiplo, o activista empenhado, o sátiro consequente, foi ver, na Culturgest, em Lisboa, a primeira retrospectiva em Portugal da sua obra. Ouviu Balthazar Lovay, curador. Que disse que lhe interessava que as pessoas percebessem o humor de Tony Conrad...